quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Só uma dor de cabeça

Dentro de alguns dias, Daniel Dantas não será mais considerado criminoso. O juiz Arnaldo Esteves Lima, do STJ, suspendeu todas as decisões tomadas a partir da operação Satiagraha, inclusive sua condenação. Esse é o primeiro passo para a anulação do processo e a liberação dos US$450 milhões que o banqueiro tem bloqueados nos Estados Unidos.

Dantas foi condenado a dez anos de prisão mais multa de R$12 milhões por corrupção ativa e está envolvido em processos de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Apesar de toda a polêmica gerada pela operação, a atitude da Polícia Federal foi louvável, como vem sendo em suas missões que deixaram de lado criminosos comuns e passaram a atacar as classes mais corruptas e impunes da sociedade. Há algum tempo, quadrilhas de classe média e alta vêm sendo desbaratadas e seus membros presos sem a habitual distinção entre pobres e ricos feita pelas polícias estaduais.

Mas de que isso adianta se, no fim, uma pessoa exerce um poder suficiente para jogar tudo pelo ralo? No final terá sido só uma grande dor de cabeça.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Dubai e as ilhas da fantasia

Dubai não tem petróleo, mas parecia uma terra paradisíaca para os bilionários, principalmente homens de negócio e dos esportes. A explosão imobiliária do emirado atraiu milhares de pessoas, em sua maioria investidores e trabalhadores de multinacionais que foram em busca de dinheiro. Pessoas que antes eram de classe média começaram comprar imóveis ainda em construção.

Ilhas artificiais foram criadas, um complexo chamado "The World" que lembra os filmes futuristas de ficção científica. Um hotel em pleno mar, um complexo imobiliário em forma de palmeiras e uma dívida de quase cem bilhões de dólares foram o resultado desse empreendimento que prometia preparar a região para o futuro.

Esqueceram-se os ricos imigrantes de que se tratava de um emirado com leis rígidas e pouco inteligíveis para nossa cultura ocidental. Depois da crise de 2008, as obras foram paralisadas e quem pôde fugiu de lá deixando para trás carros, imóveis e o sonho da Ilha da Fantasia. Quem não fugiu e não pagou as dívidas foi preso e condendado.



No final de novembro, Dubai anunciou uma moratória de US$59 bilhões. Algo normalmente não tão grave, já que a prática é comum e não costuma acarretar em maiores consequências para os países em longo prazo: eles usam o dinheiro economizado com o não-pagamento da dívida para seu desenvolvimento e a renegociam com um belo desconto, às custas de sua confiabilidade. Mas Dubai não tem indústria. Não tem petróleo. Não tem água. Tem concreto e areia.