
A língua portuguesa é, até certo ponto, fonética. O trema existe para se indicar a pronúncia do u depois do q ou do g; verbos na terceira pessoa do plural no presente do indicativo também vão perder acentos que ajudam na pronúncia, como lêem ou vêem. Isso sem falar nos acentos diferenciais como em pára e pêlo, que também se vão.
Para mim, o grande problema é que não é fácil enxergar uma lógica nas novas regras. Por exemplo, algumas palavras vão perder o hífen e outras vão ganhar, mas as poucas que ficam como estão as exceções dessas regras: arquiinimigo vira arqui-inimigo, manda-chuva vira mandachuva, mas guarda-chuva permanece como está. Por quê? Não compreendi.
E se nós, brasileiros, estamos incomodados com nos tornarmos analfabetos da noite para o dia, imaginem como estão os portugueses. Enquanto a reforma mexe com 0,5% das palavras no Brasil, 1,6% dos vocábulos dos demais países lusófonos será alterado. Nós teremos que reaprender a escrever cerca de 550 palavras e eles, cerca de 1.760.
Agora pergunto: quem está feliz com isso? Por aqui, vou tentar me adequar às novas regras, mas peço perdão antecipado por possíveis deslizes. Afinal, realfabetizar-se leva algum tempo.