domingo, 30 de agosto de 2009

Made in China II

Sei que é um assunto batido, mas a cada vez que vejo algo assim, sinto-me no dever de alertar quem eu puder. Ontem, nas Lojas Americanas, deparei-me com um pacote de escova dental chamado Dental Clear numa embalagem bem vagabunda no esquema "leve 3, pague 2". Evidentemente, o produto era fabricado na China.

Não bastasse ser uma escova genérica, parecia ser de péssima qualidade, além de não ser recomendada pela Associação Brasileira de Odontologia. Isso representa um perigo, pois a composição e o grau de rigidez das cerdas pode prejudicar a gengiva e o esmalte dos dentes.

Isso já seria motivo suficiente para não se comprar a escova. Mas, para piorar, algumas embalagens vinham com o produto encardido! Em que condições essas escovas são produzidas e embaladas? Qual é a origem do material usado? Até porque, descobriu-se que muitos elásticos de cabelo fabricados naquele país são produzidos a partir de camisinhas usadas num esforço para aproveitamento total e acabam custando muito barato. Será que são estes que chegam nos camelôs brasileiros?

Bem, resolvi comparar com uma escova muito parecida, a Colgate Extra Clean, que tem o mesmo limpador de línguas e um formato praticamente idêntico. Pela foto, dá para notar que é uma cópia cuspida (com o perdão do trocadilho), a não ser pela disposição das cerdas, que é ligeiramente diferente.

Aliviado por ter um produto de qualidade em casa em vez de um genérico suspeito, qual foi a minha surpresa quando vi a etiqueta: o produto também é produzido na China. E agora?

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Carros a Diesel: na contramão da História

Esta semana, recebi um boletim do Senador Gerson Camata informando sobre o Projeto de Lei Substitutivo 656/07 que propõe a liberação da fabricação de carros de passeio com capacidade de carga até mil quilogramas movidos a Diesel. O senador alega que é uma forma de dar acesso a combustíveis mais baratos para a população, que hoje conta com carros a álcool, gasolina e GNV.

Entretanto, existem bons motivos pelos quais isso nunca foi permitido no Brasil. Primeiramente, o nível de poluição do Diesel é alto devido ao teor de enxofre que está contido no combustível. Mesmo com a diminuição dessa concentração para 50 ppm ou 10 ppm nos próximos anos, é um combustível barato que acabaria substituindo o uso do álcool, que é pouco poluente, pois todo o gás carbônico que joga no ar é capturado pela cana-de-açúcar em estágio de crescimento.

Em segundo lugar, ainda existe subsídio do Diesel no Brasil, pois ele é utilizado para fins comerciais (ônibus, caminhões de carga). Caso o combustível possa empurrar carros de passeio, sofreremos uma dessas consequências: ou o subsídio persiste e os novos motoristas abandonarão os carros flex, a álcool e a GNV e o nível de poluição aumentaria consideravelmente, principalmente nos centros urbanos; ou o subsídio acaba e todos os preços de transporte sobem, gerando uma inflação inicial grande em praticamente todo tipo de produto no Brasil.

Existem outras soluções para diminuir o preço dos combustíveis. Uma delas é a diminuição dos impostos, que hoje elevam o preço da gasolina em quase 80%. Mas aí nos depararíamos com outra questão: realmente precisamos de mais carros na rua? Ou é melhor investir em transporte público de qualidade?