quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Democracia árabe?

As revoltas populares estão pipocando no mundo árabe como uma bola de pingue-pongue solta numa sala com ratoeiras com bolinhas iguais. A demanda por democracia nada mais é do que uma demanda por poder, essa que todos os povos têm, mas nem sempre têm a oportunidade de fazer valer, ou mesmo de expressá-la.

Tunísia e Egito derrubaram seus ditadores. Enquanto a Tunísia formou um governo de coalizão com os líderes de todos os partidos, o Egito está nas mãos dos militares que prometem devolver o poder ao povo em poucos meses enquanto insistem que a vida volte ao normal.

O que há de novo nisso tudo? Nada. Revoluções são constantes no mundo árabe, com trocas de ditadores, de doutrinas, de ideologias. Até o Irã, que não é árabe, mas sofre os mesmos tipos de abalo, já teve sua revolução, que criou a teocracia do Aiatolá Khomeini. Democracia é outra coisa.

O mundo árabe jamais conheceu um regime democrático. Quando a Faixa de Gaza ganhou autonomia, sua população elegeu, sabe-se lá em que bases, o Hamas para governar a região. Nada foi construído, mas os líderes da oposição, o Fatah, foram presos ou mortos e iniciou-se um ataque a Israel com chuvas diárias de foguetes sobre a sua população.

O Egito tem, em seu território, um grupo representativo chamado Irmãos Muçulmanos, ou Irmandade Muçulmana, como é conhecido em português. Hoje eles representam 20% do parlamento e seus métodos são conhecidos historicamente pela destruição e assassinatos – políticos ou não, pois qualquer estrangeiro ou não-muçulmano é considerado inimigo. É possível ter uma ideia do que vai acontecer caso esse grupo seja democraticamente eleito para representar o povo egípcio.

 
Portanto é preciso olhar com parcimônia para os desdobramentos dos acontecimentos na Tunísia e no Egito, que já refletem em outros países como Bahrein, Iêmen e, ainda de leve, no Irã. Afinal, um governo democrático não é aquele que representa a maioria, mas aquele no qual toda a população se faz representar.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Nike: o mau gosto habitual

Acabou de ser lançada a nova camisa da Seleção. Como por hábito, a Nike desrespeitou as tradições e inseriu uma barra horizontal na altura do diafragma dos jogadores. Para piorar, o uniforme reserva, que era azul, passou a ser aquele verde indefinido que os goleiros costumavam usar. Eles ainda tentaram empurrar uma camisa preta (!), mas a CBF vetou.


Não é a primeira vez que a Nike pisa na bola com a Seleção. Em 2002, criou um modelo com polígonos verdes poluindo a frente da camisa numa padronização ridícula de todas as seleções que patrocinava e, dois anos depois, levou o escudo para o centro da camisa e cercou o número dos jogadores com um círculo, inspirada, talvez, num jogo de bilhar (na verdade, dizem que foi nos carros da Porsche).


Assim que assinou seu fatídico contrato com o Flamengo, a fornecedora lançou um uniforme ridículo, com um escudo no lugar do tradicional CRF. Era quase um pleonasmo, já que a própria camisa representa o escudo do time com o CRF no canto. Uma ode ao mau gosto, interrompida pela volta de Márcio Braga.


Enfim, eu não esperava nada muito melhor de uma empresa que se julga maior do que os times e seleções que patrocina.