
Zelaya foi eleito democraticamente para o cargo, mas excedeu sua autoridade quando convocou um plebiscito para a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Seu objetivo era reformar a Constituição do país de forma a permitir sua reeleição. Entretanto, o artigo 239, cláusula pétrea da Constituição hondurenha, proíbe a reeleição presidencial e prevê que aquele que tentar alterá-lo deve ser destituído imediatamente do cargo e perder a qualidade de cidadão, assim como os que o apoiarem.
A Corte Suprema do país ordenou a destituição de seu presidente e deixou a cargo das Forças Armadas a execução da ordem. O problema é que os exércitos latino-americanos são dados a truculências e, em vez de dar voz de prisão ou deixá-lo em prisão domiciliar, preferiu encapuzar e largar o ex-presidente na Costa Rica.
Agora Zelaya está de volta ao país e, por causa da diplomacia brasileira – normalmente tão eficiente –, surge uma nova crise: o que fazer com ele? Não dá para enviá-lo novamente para a Costa Rica. Soltá-lo em território hondurenho é um risco muito grande a sua vida. Talvez a saída seja uma negociação para, quem sabe, deixá-lo em prisão domiciliar. Aí eu pergunto: não seria melhor viver exilado na Costa Rica?