Se tem uma coisa que me preocupa em relação à democracia é um país que não tem oposição. Durante o governo de Fernando Henrique, os três principais partidos da base aliada – PSDB, PMDB e PFL – cartelizaram o Congresso. Isso significa dizer que todas as decisões eram negociadas fora do ambiente público e levadas a votação com tudo decidido, pois a maioria absoluta estava a seu lado. Restava ao PT o direito de espernear inutilmente.
A situação mudou quando Lula foi eleito presidente: sem maioria absoluta, o Governo precisa negociar suas decisões com sua base aliada, com seu próprio partido, e com alguns membros da oposição. Seria muito perigoso o PT dominar o Congresso de tal maneira que não houvesse necessidade de um debate.
Mas o que querem Serra e o PSDB através de seu presidente, Sérgio Guerra? Ao que parece, desejam garantir a vitória de Dilma Roussef no primeiro turno. E, como historicamente a votação para o Legislativo costuma acompanhar a do Executivo, garantir também uma bancada recorde para o Partido dos Trabalhadores.

Guerra afirmou que, se eleito,
Serra dará um fim ao Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, por considerar o programa eleitoreiro. Quanto à última afirmação, não discordo, embora ache que mesmo uma obra eleitoreira possa apresentar resultados positivos e agradar a população. Além disso, a situação pode alegar que, além de acabar com o PAC, Serra também acabará com o bolsa-família, um programa que goza de grande popularidade. Sobre chamar Dilma Roussef de mentirosa e dissimulada, o presidente tucano excedeu em muito o seu direito.
Oportunamente,
Lula respondeu numa reunião a portas fechadas: "O Sérgio Guerra é um babaca", o que foi prontamente comunicado à imprensa com o claro objetivo de se dar uma resposta ao tucano via discurso indireto.
Serra se queima mais a cada dia. O partido se desgastou com o episódio do
mensalão tucano e do
mensalão do DEM, seu aliado, e já não pode mais evocar a ética em seu discurso contra o PT. O que sobra para ser atacado, então? Como poderão convencer os eleitores de que existe uma necessidade de mudança?