domingo, 17 de setembro de 2017

"Vamo embora dar lugar pro gringo entrar"

A Odebrecht enfrenta a maior crise de sua história. Não é para menos: a maior empreiteira transnacional do Brasil se viu metida até o último fio de cabelo na sequência de escândalos investigados pela operação Lava-Jato.

Atualmente, a empresa não consegue mais participar de licitações, nem no Brasil, nem no exterior, e precisa lidar com os caríssimos custos do processo, pagamentos de dívidas e multas pesadas. Amarga prejuízos seguidos, mas jura que segue firme e forte rumo a sua recuperação.

A OAS segue pelo mesmo caminho: com dívidas bilionárias, começa a se desfazer de seu patrimônio. Já em 2015, sua dívida era de três vezes o valor de seus ativos, com juros que chegam a 200 milhões de reais por ano. Em circunstâncias normais, de alto faturamento, isso não seria um problema, mas com a empresa investigada, a receita passa a ter problemas para cobrir essa dívida.


Mas a quem interessa o fim das grandes empreiteiras brasileiras? Atualmente, muita gente tem a ganhar. O Brasil? Nem tanto. Em agosto, a Odebrecht vendeu a maior hidrelétrica do Peru para um consórcio liderado pela CTG, estatal chinesa. Sua parte do Galeão, maior aeroporto do Rio de Janeiro e quarto do Brasil, também está sendo vendida. Para quem? Para os chineses, para a HNA Infrastructure, que já é dona da Azul Linhas Aéreas. Fontes afirmam que a fatia da Odebrecht da Supervia e do VLT também estão à venda para grupos estrangeiros. Aliás, a OAS está se desfazendo de sua fatia de 24,4% da Invepar, que opera o VLT até 2038. Compradores? O Fundo Mubdala, de Abu Dhabi.

Não estou aqui querendo defender as duas empreiteiras, mas será que passar nosso sistema de transporte para a mão de estrangeiros é, realmente, bom para o Brasil? Só para lembrar, o grupo Mubdala foi quem salvou Eike Batista aceitando ações da OSX e da CCX como pagamento pela dívida do ex-bilionário e, boatos correm, está negociando a compra da JBS, dos irmãos Batista. E a HNA tem uma nuvem de fumaça à sua frente, envolvendo um bilionário foragido com graves denúncias sobre um grande esquema de corrupção envolvendo o obscuro governo chinês, que sustenta a empresa através de seu banco estatal.

Estamos mesmo fazendo um grande negócio, matando nossas empreiteiras e entregando nosso patrimônio para as gigantes e obscuras mãos dos chineses e dos árabes? Será que não há uma alternativa mais, digamos assim, nacionalista?