terça-feira, 26 de outubro de 2010

Liberdade de imprensa: uma proposta cínica

Quem aqui ouviu falar sobre Maria Rita Kehl? Uma respeitada psicanalista, ex-colunista do Estado de São Paulo que resolveu escrever o que pensa. Seu artigo pode ser sintetizado por uma frase acerca dos emails veiculados pelas ditas elites na internet: "O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos". Resultado? A jornalista foi demitida do jornal, o mesmo jornal que considera que a liberdade de imprensa está ameaçada.

Num episódio oposto, o senador tucano eleito por São Paulo recusou-se a dar entrevista para veículos de comunicação que divergiam de sua opinião política por serem ligados ao PT.


Muito já foi dito e demonstrado sobre a imprensa brasileira. Sabemos que poucas famílias dominam a comunicação no Brasil (quatro segundo a revista CartaCapital e nove ou dez segundo Lula) e que sua orientação política sempre foi ligada à direita, com todas as metamorfoses que a direita sofreu (para entender o que isso significa, vale ler Anthony Giddens – Para além da direita e da esquerda – e Norberto Bobbio – Direita e esquerda). Então, que liberdade é essa que mostra apenas um dos lados, que não permite um equilíbrio entre ideologias, que dá voz para apenas quatro (ou nove ou dez) famílias brasileiras e demite quem ousa falar expor outras ideias?

Sou a favor da liberdade de imprensa – antes que se diga o contrário – ampla e irrestrita. Em vez dos jornalistas seguirem a opinião e a doutrina de seus editores, a eles deve ser permitido falar sob seu próprio ponto de vista sem que seus empregos estejam em risco. Defendo que, para se demitir um jornalista, seja necessário abrir uma sindicância com membros internos e externos ao veículo para se ter certeza de que essa demissão não teve motivação política ou, como disse Maria Rita Kehl, originado-se a partir de um "delito de opinião".

Assim todos os pontos de vista serão expostos para todas as pessoas por todos os meios. Assim os jornalistas poderão gozar dessa liberdade de imprensa da qual somente os donos dos veículos gozam. Faz sentido?

9 comentários:

  1. Eu ia fazer um comentário sobre o post, mas lendo os comentários que os leitores deixaram no texto da Maria Rita eu acho que tudo que resta dizer é que vivemos numa era de total e completa trollagem, em todo e qualquer ambiente.

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  2. Caro Flávio,

    O controle da Imprensa é um dos preceitos de Gramsci para a socialização do país. Outro é o aparelhamento das entidades do governo. Estes conceitos gramscianos estão tentado ser seguidos pelo governo petista. O aparelhamento foi conseguido completamente.

    Você pode até ser favorável a liberdade de imprensa, mas o governo petista vem desde o inicio fazendo tentativas para controlar a imprensa, até agora repelidos. O PNDH3 tem como um dos seus alicerces o controle da imprensa.

    O Franklin Martins, Ministro da Supressão da Verdade, tem tentado de muitas maneiras controlar a imprensa até agora sem sucesso. Mas continua tentando. O PNDH3 chegou a ser colocado como programa do governo da Dilma, mas depois de descoberto pela imprensa livre foi aparentemente retirado/reformulado.

    Quando estava na oposição, a imprensa livre era muito apreciada pelo PT. Agora que o PT é vidraça, não suporta suas verdades. As descobertas diárias de suas corrupções incomodam o governo que não gosta de ser contrariado.

    Mais recentemente o PT está usando como cobaia o governo de Ceará. Lá está sendo feito um teste para controle da imprensa do estado. Este mesmo teste está sendo estendido a mais outros 3 estados.

    Os exemplos que você deu no seu artigo alem de não ser conclusivos, não explicam nada.

    Não sei até quando poderemos resistir. Com a eleição da Dilma, Deus não permita, temo pelo nosso futuro.

    Veja abaixo diversos sites com informações a respeito.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Gramsci

    http://bit.ly/cgdocX

    http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=215296

    http://bit.ly/bEZ5tg

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  3. Os exemplos que você deu no seu artigo alem de não serem conclusivos, não explicam nada. São casos totalmente isolados que não constituem uma regra geral de nossa imprensa. É uma tática dos esquerdistas sempre querer comparar situações totalmente diferentes dizendo que são iguais, quando não são. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O ex-presidente do PT, José Genoino costumava dizer que é a tática do gambá: "Eles estão tentando espalhar o mau cheiro para que todos fiquem impregnados".

    Mais uma coisa sobre seu comentário: "Muito já foi dito e demonstrado sobre a imprensa brasileira. Sabemos que poucas famílias dominam a comunicação no Brasil." Hoje com a profusão de blogs, e-mails, redes sociais, etc. muita gente é mais influenciada por outras mídias que não só jornais e TV. Tem muita gente como eu que não compra mais jornal. Eu navego pelas notícias alem de ler tweeter, facebook, etc.

    Como também não é verdade em falar na imprensa PIG. Eu conto pelos dedos os colunistas que defendem as idéias liberais, como o Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi. A grande maioria dos jornalistas dos jornais e TV é de esquerda. Podem até trabalhar em Jornais que vocês dizem que é de direita. Mas na realidade são de esquerda, como o Franklin Martins que acabou despedido da Globo. Alem disso, por força das propagandas que o governo e estatais colocam na mídia, ela se acha na obrigação de pagar com notícias favoráveis. Você não consegue ler notícias em jornal ou TV sem que não apareça algo sobre o Lula.

    Dou como exemplo o Ronaldo Gomlevsky da revista Menorah, que nunca votou no Lula, mas por estar em má situação financeira, começou a elogiá-lo para ver se conseguia reverter sua situação. A revista "Isto É" é chapa-branca devido a verba que recebe. Assim muitas outras.

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  4. Parabéns pelo artigo. Hoje infelizmente faz-se uso do termo liberade de imprensa para justificar as mais abomináveis atitudes. A imprensa não pode reclamar, tem liberdade inclusive para fazer campanha política para quem quiser, sem ser incomodada. Mesmo isso não sendo o seu papel mais digno, constitucional inclusive. Não vejo como forma de controle da imprensa o simples fato de se exigir dos meios de comunicação maior zelo pela boa apuração dos fatos, maior responsabilidade pelo que se diz e se escreve e no reconhecimento dos seus erros. Todos sabem o quanto é difícil arrancar-se da imprensa uma retratação quando esta comete algum deslize. Ela tenta se proteger das ações judiciais inclusive fazendo lobby junto ao Judiciário a fim de limitar os valores das indenizações aos que provam na justiça que foram vítimas de inverdades dos jornais nossos de cada dia. Há diversos Conselhos, que regulam as diversas profissões e atividades e que têm como função coibir abusos, falta de profissionailismo etc. Por que só o jornalismo deve ficar fora disso? Acredito na imprensa incodicionalmente livre. O problema é que, se por um lado não vivemos a ditadura da censura oficial, por outro, a vivemos de maneira velada nas decisões de 4 ou 5 famílias que dividem, ESSES SIM, o tal controle da mídia no país. Não queremos controle governamental, mas o controle dos empresários não é fato? É menos nocivo para essa tal liberdade? Sinceramente, não vejo diferença entre uma forma de censura e outra. Para ir um pouco mais além e fomentar a discussão, fico pensando que, com a censura dos governos militares (um dos maiores arbítrios que se tem notícia no mundo moderno), pelo menos tínhamos a chance de usar arifícios como receitas de bolo, poemas de Camões etc e ainda assim, COMUNICAR. Hoje a AUTOCENSURA que existe nas redações não deixa saída: mantém-se as pessoas na escuridão. Por favor, isto não significa defender nenhuma forma de censura. É apneas mostrar como são igualmente perniciosas. Por sorte, temos ferramentas como a Internet que vem se desenvolvendo cada dia mais e dando a oportunidade de uma comunicação cada vez mais interativa de ideias. Obs: embora venha também sendo usada para o mal, vide a campanha de calúnias espalhadas por este meio.
    Por fim, a liberdade no seu sentido mai amplo é tão importante, quase sagrado, que gostaria que o termo LIBERDADE DE IMPRENSA tivesse das pessoas como referência um dos Dez mandamentos da Lei de Deus que diz: "Não usar seu santo nome em vão". Amém.

    Manoel de Melo Neto

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  5. O jornalista trabalha para o Jornal. Poder de restrição sobre os próprios jornalistas é prerrogativa do Jornal sim. Em primeiro lugar é a única forma de manter uma identidade para o Jornal. Há uma linha de pensamento. Em segundo, o jornal é o responsável pela qualidade da informação publicada. É papel do editor chefe limitar os jornalistas e evitar que eles passem da linha, publiquem material que não esteja verificado por fontes independentes, etc.

    O jornalista sempre pode trabalhar para si mesmo. Vai para a internet e publica um blog seu. Enquanto representante do jornal o jornal tem prerrogativa.

    Censura de imprensa é outra coisa, é o uso do poder de estado para fazer com que estes publiquem aquilo que o estado quer. O poder do estado é totalmente diferente que o poder de um jornal de controlar aquilo que ele mesmo publica. Vide Venezuela.

    É óbvio que a falta de concorrência no setor faz com que a opinião da imprensa seja muitas vezes parcial, mas ainda assim o problema é a falta de mais agentes da imprensa e a censura, e não a autocensura. A autocensura é justamente o que deveria ser o modelo de acordo com a constituição.

    E outro ponto importante de se diferenciar é que o Presidente, também tem a liberdade de falar que a imprensa errou, que não devia ter dito isso ou aquilo. O que não pode é a figura do Presidente aventar que deveria haver qualquer tipo de controle governamental a imprensa, ou ao indivíduo. Neste caso, exerceu sua liberdade de expressão, mas foi impróprio partindo da figura do Presidente.

    (por email)

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  6. Olá!

    A respeito do post "Desculpe, Marina, mas eu tô de mal" , sua opinião atual mudou em relação à Marina, considerando a expressividade que a campanha dela tomou no primeiro turno?

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  7. Hannah,
    não mudou. Ela continua filiada a um partido com pouca coerência política, haja visto seus aliados. Sei que ela tem um longo caminho político para trilhar, mas me admira sua ingenuidade ao dizer que teria em seu governo pessoas boas do PT e do PSDB. Um governante precisa decidir quem são seus aliados. Assim funciona a política.

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  8. Prezado Vítor Hugo,

    gostaria de acrescentar ao meu comentário anterior que acredito que TODA forma de censura, seja oficial (governo) seja auto (órgão de imprensa) é perniciosa. os jornais têm sim o direito para de buscar uma identidade, mas para isso eles contam com uma coisa chamada EDITORIAL. Ali eles podem se afirmar a favor disso ou daquilo. Podem expressar seu pensamento de forma independente inclusive do próprio órgão. Jornalista que sofre restrição é jornalista censurado da mesma forma. Vivi um bom tempo dentro de redações e sei o que é ter uma pauta censurada. E, pior, nucnca de maneira clara, apenas com uma reprovação discreta, mas sem que seja feita olho no olho. Um detalhe ainda mais sórdido da autocensura é quando o órgão de imprensa deixar de publicar algo que, ainda que de interresse público, possa prejudicar "amigos".
    Sou contrário à teoria que ronda muitas redações de que "amigo meu não tem defeito. No inimgo eu ponho". Tomemos como exemplo a recente campanha política: incrível a chuva de denúncias trazidas a público por alguns jornais e revistas justamente na fase mais aguda da campanha. Posso garantir que muitos dos escândalos já estavam guardados fazia tempo. As chamadas matérias de "gaveta", que esperam ali até a hora mais conveniente para sua divulgação. Isso em minha opinião é hipócrita. Onde fica nosso direito a essas informações durante o tempo anterior? resposta: na gaveta de um editor-chefe. Uma imprensa que se presta ao papel de esconder fatos a fim de beneficiar A ou B, por mais livre que seja NÃO É BOA. Fala-se tanto hoje em tráfico de influência, mas esquece-se que os donos dos grande meios de comunicação (na maioria das vezes, não jornaloista, apenas empresários) em sua maioria têm acesso privilegiado a altos gabinetes, seja em Brasília, seja junto a governos estaduais, municipais e junto ao Judiciário. Dali também saem grande "acordos" que, pode-se ter certeza, em geral, não são do interesse da livre comunicação. Por fim, a autocensura, em alguns casos, pode chegar a ser até pior que a oficial em alguns aspectos, pois tira a total possibilidade de transparência da informação. Ainda que a internet esteja aí, ela ainda é um instrumento que poucos manipulam. O que ainda emos é um monopólio sim da comunicação. Um cena que cansei de presenciar: editores-chefes assistindo ao Jornal Nacional a fim de conferir de sua equipe não pderdeu nada, pois, se a Globo deu, todos temos que dar.

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  9. Ola tudo bem, veja o meu no blog imentira.tumblr.com em contra partida ao site imirante.com pertencente à FAMILIA SARNEY..
    Ainda esta no inicio, porem queria que vc desse uma olha...

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