terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os trilhões e a fome

Eu nunca havia ouvido falar de trilhões de dólares. Na verdade, só em dívidas trilionárias, ou melhor, a dívida trilionária dos Estados Unidos, mas dinheiro, de verdade, jamais. De repente, pipocam ajudas a bancos quebrados com números com treze dígitos vindas dos Estados Unidos e da União Européia. Esse dinheiro existe?

Na verdade, não. Ele é o início de uma nova bolha que é a da dívida interna, pois são gerados a partir da emissão de papéis que nem os países mais desenvolvidos têm condição de pagar. É um adiamento do problema que pode gerar um outro ainda maior, pois bancos quebrados são uma coisa; países são outra.

Mas esses pacotes são tidos como necessários para que a economia mundial não colapse de vez. E é nessa hora que as prioridades dos líderes mundiais ficam expostas como uma doença, como a necessidade de um drogadito que deixa de satisfazer suas necessidades mais básicas para alimentar seu vício.

A FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, divulgou um relatório em 2006 relatando que bastavam entre 25 e 30 bilhões de dólares por ano para erradicar-se a fome do planeta até o ano de 2025. Enquanto isso, os EUA despejam US$ 3 tri, a UE joga €1 tri, o Japão utiliza ¥ 10 tri no buraco que restou do dinheiro virtual que desapareceu. Para se ter uma idéia, seria necessário 0,67% desse dinheiro por ano para se resolver o problema da fome no planeta.


Não está na hora de revermos nossas prioridades?

3 comentários:

  1. Ações têm um valor virtual, dependem da credibilidade. No caso da Crise atual a grande maioria era apenas uma bolha flutuante que estourou.

    Aconteceu o mesmo na época das empresas ponto com. Gente que pensava que era rica acordou pobre.

    Assim como tem gente que vive nos cassinos apostando para ver se fica rica do dia para noite essas empresas viviam em um grande cassino capitalista.

    Perdeu que vivia fora da realidade, consumindo em um mundo de fantasia, pensando que seu crédito era ilimitado. Quem tinha o pé no chão e consumia na medida de sua realidade, isto é, equilibrando a renda com a despesa, esse está conseguindo sobreviver.

    Esse é o mundo capitalista. É preciso aprender a viver segundo as regras.

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  2. Através da matemática, as coisas parecem menos impossíveis.

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  3. Vale a pena perder um tempo explicando algumas coisas para população.

    O governo quer dinheiro pede ao banco central. O banco emite um dinheiro a troco de títulos de dívida, a troco de juros, que o governo tem que pagar depois.

    Detalhe, tem sempre mais dívida do que dinheiro circulando, logo para pagar eles fazem mais dívida.

    Assim os bancos dominam o mundo, pois é impossível pagar isso. Acho que o calote começa a fazer sentido não?

    Assim quando mais dinheiro entra no mercado, maior a inflação e menos vale o dinheiro que temos no bolso, consumindo o valor do dinheiro existente (coitada da poupança).

    E do dinheiro existente no mundo fica a pergunta: quanto dele existe no papel e quanto dele existe apenas eletronicamente?

    gostei do termo ralo virtual.

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