segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ford Pinto com asas

Alguém se lembra do Ford Pinto? Parece que ganhou asas e mudou de forma, mas ele ainda existe. Explico: o Ford Pinto era um carro que entrava em combustão facilmente devido a sua arquitetura, que permitia, no caso de uma colisão frontal a 40km/h, que o combustível vazasse sobre o diferencial, causando ignição e, frequentemente, matando todos os seus ocupantes. Para a Ford, indenizar suas vítimas em vez de fazer um recall de todas as unidades representaria uma economia de mais de US$ 80 milhões

Hoje, a Airbus é uma das maiores fabricantes de avião do planeta, rivalizando em vendas com a Boeing. Entretanto, o índice de acidentes com suas aeronaves é bem mais visível do que o de seu concorrente.

Não faltam análises para identificar as causas, que parecem estar em desde a arquitetura dos aviões até problemas de controle com o piloto automático. No acidente com o voo 447 da Air France, a causa mais provável é uma falha no sensor de velocidade, que teria permitido que o avião voasse a uma velocidade acima daquela que sua estrutura suporta. O acidente em Guarulhos com o voo da TAM número 3054 foi causado, em parte, por um problema de software, que acelerou o avião no momento de seu pouso. O voo 72 da companhia australiana Qantas fez um pouso de emergência e deixou 112 feridos, alguns em estado grave, por falha no piloto automático.

Esse conjunto de "fatalidades" não pode ser coincidência. Parece que também é mais fácil lidar com perdas humanas do que reprogramar a aeronave para a multinacional francesa.

4 comentários:

  1. Para complementar a discussão e gerar polêmica (como sempre):

    http://www.airdisaster.com/statistics/

    Aí os Airbus A319/320/321 estão com menos acidentes que os Boeing 747...

    Tudo bem que a estatística é até 2005, mas podemos tentar tirar conclusões mais embasadas a partir do relatório. Um olhar mais atento, por exemplo, diria que há muito mais horas de vôo dos Boing do que os Airbus... Mas a partir daí a discussão fica infinita. Melhor cada um fazer sua própria avaliação.

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  2. Saulera, é preciso ver a proporção de voos. A Boeing voa muito mais do que a Airbus e a natureza dos acidentes pode ser diferente.

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  3. Deve ser recorrente, pois eu já vi essa história em um filme ou episódio de seriado. No final, lembro, o contador só sabia dizer: "it was a business decision". A rigor, parece que todas as decisões passam por esse critério. Seria ingenuidade pensar diferente (não estou dizendo que é certo...). Resta agora provar a intencionalidade, para se ver se, além da indenização em dinheiro, é possível também uma condenação criminal. Vamos sonhar com justiça...

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