Que o Rio de Janeiro vota muito mal, é fato, comprovado eleição após eleição. A Câmara de Vereadores carioca me dá a sensação de um sindicato de quadrilhas com direito a uma sede luxuosa e a Alerj frequentemente legisla sobre assuntos fora de sua alçada. Aliás, de lá surgiu o governador Serginho com seu discurso de defesa dos aposentados e sua incrível capacidade de costurar alianças, inversamente proporcional a sua competência administrativa.
Eis que surge a figura do ex-petista Jorge Babu, policial, deputado estadual eleito a reboque da expressiva votação de Alessandro Molon, acusado de formação de quadrilha e extorsão por envolvimento com as milícias que disputam com o tráfico de drogas e com a polícia formal o controle das favelas no Rio. Tornou-se popular o suficiente para arrastar seu sobrinho Elton Babu para a Câmara de Vereadores, não sem denúncias de irregularidades na campanha como coerção e propaganda ilegal.
Gente assim é bom que fique calada, pois quando abre a boca, se complica. Babu, o tio, enviou um Projeto de Lei para obrigar os portadores do vírus HIV a usarem uma identificação apontando sua condição. Segundo o deputado, a medida visa à proteção dos profissionais de saúde, cujo "despreparo é notório" ao prestar os primeiros socorros. Além disso, haveria uma lista pública divulgada na internet com os nomes e CPFs dos portadores.
Além de ferir de todas as formas possíveis o direito à inviolabilidade da privacidade garantido pelo primeiro capítulo da Constituição, a medida é discriminatória e incita toda forma de preconceito que um soropositivo pode sofrer. Para piorar, o projeto funciona como um desestímulo às pessoas que pretendem fazer o exame de HIV, o que certamente vai deixar a saúde pública no escuro. Qual é a próxima idéia? Obrigá-los a usar uma inscrição de "soropositivo" na manga? Isolá-los num gueto? Câmara de gás?
Que SUBSTÂNCIA é essa!!!
Há 5 semanas