O tema da reforma política está em discussão há tempos, mas ultimamente há uma maior pressão para que ela seja executada. Uma das questões a serem decididas é o tipo de voto nas eleições proporcionais. Nesse quesito, abre-se uma discussão para a adoção da lista fechada contra o que existe hoje, a lista aberta.
Para conhecimento: lista aberta é aquela em que os partidos apresentam os nomes dos candidatos e o eleitor pode votar tanto em seu candidato preferido quanto na legenda do partido. Na lista fechada, os partidos apresentam uma lista ordenada de pretendentes ao cargo e o eleitor pode votar apenas no partido.

Na lista fechada, o partido é quem dá as cartas: ele apresenta uma lista de candidatos ordenada e os deputados são eleitos nessa ordem conforme o número de votos que o partido receba. Dessa forma, se um partido encabeçar a lista com um deputado corrupto, mesmo que ele tenha clientela, vai perder votos e terá sua bancada diminuída. Assim, a tendência é que os partidos listem candidatos mais idôneos, ou seja, a pressão popular por esse tipo de candidato será mais sentida. Outro fato positivo é que assim se força uma maior identificação do eleitor com o partido, tirando espaço de partidos nanicos e oportunistas, deixando a eleição mais organizada. Isso não impediria, entretanto, o episódio de 2002 citado anteriormente, mas o eleitor saberia que estaria votando no Prona, e não em Enéas Carneiro. O lado negativo é que o eleitor perde poder de decisão e, com isso, corre-se o risco de se elegerem sempre os mesmos caciques para as cadeiras legislativas. Podem-se criar deputados vitalícios.
Mas de nada adianta a discussão sem uma regulação em torno da fidelidade partidária. Atualmente, elege-se uma bancada, mas quem governa é outra. Isso porque muitas vezes se fazem filiações e alianças eleitoreiras, que nada têm a ver com a configuração final da Câmara dos Deputados. E, considerando que os partidos têm um alto índice de coerência, ou seja, os aliados votam com o governo e a oposição vota contra, o eleitor acaba sendo mal representado por seu candidato quando este muda de uma corrente para outra.
Poucos são os países em que se adota a lista aberta, mas a tradição brasileira é muito personalista. Uma mudança provavelmente seria muito malvista pelo eleitorado que possivelmente sentiria o voto saindo de sua responsabilidade.