sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Carros a Diesel: na contramão da História

Esta semana, recebi um boletim do Senador Gerson Camata informando sobre o Projeto de Lei Substitutivo 656/07 que propõe a liberação da fabricação de carros de passeio com capacidade de carga até mil quilogramas movidos a Diesel. O senador alega que é uma forma de dar acesso a combustíveis mais baratos para a população, que hoje conta com carros a álcool, gasolina e GNV.

Entretanto, existem bons motivos pelos quais isso nunca foi permitido no Brasil. Primeiramente, o nível de poluição do Diesel é alto devido ao teor de enxofre que está contido no combustível. Mesmo com a diminuição dessa concentração para 50 ppm ou 10 ppm nos próximos anos, é um combustível barato que acabaria substituindo o uso do álcool, que é pouco poluente, pois todo o gás carbônico que joga no ar é capturado pela cana-de-açúcar em estágio de crescimento.

Em segundo lugar, ainda existe subsídio do Diesel no Brasil, pois ele é utilizado para fins comerciais (ônibus, caminhões de carga). Caso o combustível possa empurrar carros de passeio, sofreremos uma dessas consequências: ou o subsídio persiste e os novos motoristas abandonarão os carros flex, a álcool e a GNV e o nível de poluição aumentaria consideravelmente, principalmente nos centros urbanos; ou o subsídio acaba e todos os preços de transporte sobem, gerando uma inflação inicial grande em praticamente todo tipo de produto no Brasil.

Existem outras soluções para diminuir o preço dos combustíveis. Uma delas é a diminuição dos impostos, que hoje elevam o preço da gasolina em quase 80%. Mas aí nos depararíamos com outra questão: realmente precisamos de mais carros na rua? Ou é melhor investir em transporte público de qualidade?

Um comentário:

  1. Estamos andando em loop desde Juscelino. Pq continuar privilegiando a indústria automobilística? É óbvio que o transporte público é a resposta. Mas fico imaginando uma obscura Teoria da Conspiração onde o sábio presidente (onde está o rei Juan Carlos nessa hora?!?!) se une aos sindicalistas/metalúrgicos e industriais de montadoras e etc. Poderosos.

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