quarta-feira, 30 de setembro de 2009

E o que o Brasil tem com isso?

O pepino é maior do que o Brasil previa. Montagem: Flávio S. ArmonyAté agora não entendi qual foi a estratégia do Brasil ao receber o ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya em sua embaixada no país. Esse não é o tipo de conflito em que nosso país costuma se meter, ainda mais quando parece não entender exatamente o que está se passando.

Zelaya foi eleito democraticamente para o cargo, mas excedeu sua autoridade quando convocou um plebiscito para a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Seu objetivo era reformar a Constituição do país de forma a permitir sua reeleição. Entretanto, o artigo 239, cláusula pétrea da Constituição hondurenha, proíbe a reeleição presidencial e prevê que aquele que tentar alterá-lo deve ser destituído imediatamente do cargo e perder a qualidade de cidadão, assim como os que o apoiarem.

A Corte Suprema do país ordenou a destituição de seu presidente e deixou a cargo das Forças Armadas a execução da ordem. O problema é que os exércitos latino-americanos são dados a truculências e, em vez de dar voz de prisão ou deixá-lo em prisão domiciliar, preferiu encapuzar e largar o ex-presidente na Costa Rica.

Agora Zelaya está de volta ao país e, por causa da diplomacia brasileira – normalmente tão eficiente –, surge uma nova crise: o que fazer com ele? Não dá para enviá-lo novamente para a Costa Rica. Soltá-lo em território hondurenho é um risco muito grande a sua vida. Talvez a saída seja uma negociação para, quem sabe, deixá-lo em prisão domiciliar. Aí eu pergunto: não seria melhor viver exilado na Costa Rica?

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Bingos: legalizando o crime organizado

Mais uma vez a Câmara dos Deputados demonstra estar indo na contramão do bom senso. Sua Comissão de Constituição e Justiça aprovou a legalização dos bingos e dos caça-níqueis sob a alegação de José Genoíno (PT-SP) de que "o jogo é da natureza humana". Pode ser, mas tenho dificuldade em enxergar o bem que uma medida como essa pode fazer pela sociedade.

Não somente porque conheço algumas histórias sobre pessoas que perderam tudo em máquinas de caça-níqueis, que são programadas para não deixar o jogador vencer e não têm como ser fiscalizadas nesse sentido, afinal sempre pode-se alegar que "joga quem quer".

O Ministério Púbilco já havia denunciado a ligação entre o bingo e o crime organizado. Montagem: Flávio S. ArmonyO grande problema é que bingos podem funcionar como grandes lavanderias de dinheiro ilegal, já que não precisam comprovar a fonte de seus ganhos, podendo justificar tudo como apostas de seus clientes. Assim, fica fácil para traficantes e políticos corruptos fazerem uso de seus recursos e provavelmente até pagarão impostos sobre eles.

Mas os governistas só querem saber do imposto que isso vai gerar. Afinal, quando o dinheiro entra, ninguém quer saber de onde ele vem. Resta agora torcer por um pouco de lucidez da Câmara e do Senado na votação do Projeto, o que parece cada vez mais difícil.