quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

À mulher de Cabral...

Esta semana foi revelado pela imprensa que o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo Cabral, esposa do governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho, cresceu 1.836% desde o início de seu mandato, em 2007. Não bastasse isso, o escritório tem entre seus clientes a concessionária Metrô Rio, que enfrenta graves problemas de funcionamento e não parece estar se importando com isso. Nesse caso, há um claro conflito de interesses que deveria ter levado a advogada a recusar o cliente.

Não posso aqui afirmar que há corrupção ou mesmo trapaça neste caso. Mesmo depois que o governador assinou um decreto que beneficiava diretamente um cliente de sua esposa – isso também pode ser coincidência.

Mas, assim como a mulher de César, a de Cabral deveria demonstrar mais honestidade.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Metralhando o próprio pé

Se tem uma coisa que me preocupa em relação à democracia é um país que não tem oposição. Durante o governo de Fernando Henrique, os três principais partidos da base aliada – PSDB, PMDB e PFL – cartelizaram o Congresso. Isso significa dizer que todas as decisões eram negociadas fora do ambiente público e levadas a votação com tudo decidido, pois a maioria absoluta estava a seu lado. Restava ao PT o direito de espernear inutilmente.

A situação mudou quando Lula foi eleito presidente: sem maioria absoluta, o Governo precisa negociar suas decisões com sua base aliada, com seu próprio partido, e com alguns membros da oposição. Seria muito perigoso o PT dominar o Congresso de tal maneira que não houvesse necessidade de um debate.

Mas o que querem Serra e o PSDB através de seu presidente, Sérgio Guerra? Ao que parece, desejam garantir a vitória de Dilma Roussef no primeiro turno. E, como historicamente a votação para o Legislativo costuma acompanhar a do Executivo, garantir também uma bancada recorde para o Partido dos Trabalhadores.

Guerra afirmou que, se eleito, Serra dará um fim ao Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, por considerar o programa eleitoreiro. Quanto à última afirmação, não discordo, embora ache que mesmo uma obra eleitoreira possa apresentar resultados positivos e agradar a população. Além disso, a situação pode alegar que, além de acabar com o PAC, Serra também acabará com o bolsa-família, um programa que goza de grande popularidade. Sobre chamar Dilma Roussef de mentirosa e dissimulada, o presidente tucano excedeu em muito o seu direito.

Oportunamente, Lula respondeu numa reunião a portas fechadas: "O Sérgio Guerra é um babaca", o que foi prontamente comunicado à imprensa com o claro objetivo de se dar uma resposta ao tucano via discurso indireto.

Serra se queima mais a cada dia. O partido se desgastou com o episódio do mensalão tucano e do mensalão do DEM, seu aliado, e já não pode mais evocar a ética em seu discurso contra o PT. O que sobra para ser atacado, então? Como poderão convencer os eleitores de que existe uma necessidade de mudança?

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Isso é uma vergonha

Quem são e o que pensam os respeitados jornalistas brasileiros? A imprensa goza da confiança de mais de 50% da população brasileira, ou seja, para metade da população brasileira, se está publicado, deve ser verdade.

Durante as comemorações de virada de ano, o jornalista Boris Casoy soltou a seguinte frase no jornal da Band, após ser cumprimentado por dois garis: "Que merda... dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala do trabalho...". Foi traído por sua imprevidência, pois seu microfone estava ligado.

Sinceramente, não sei como se passa em São Paulo, mas no Rio de Janeiro, a Comlurb é um órgão respeitado e os garis não costumam ser somente competentes, mas trabalham sorridentes e bem-humorados e, de certa forma, são correspondidos pela população. Seu salário chega próximo aos mil reais, acima da mais baixa escala – não de trabalho, mas de remuneração –, que é o salário mínimo.

Esse episódio mostrou uma face de Casoy que não é exatamente escondida em seus discursos, um homem amargo e que tem como hábito ser do contra e distorcer fatos, e sua arrogância, visível em seu trabalho, transparece agora em sua vida pessoal. Do alto de sua tribuna, o jornalista mostra o que acha do trabalhador mais simples: um merda.