terça-feira, 29 de março de 2011

Por que devolvi meu celular

Ávido por tecnologia, resolvi trocar meu celular Motorola Milestone por um Milestone 2. O novo celular teria um sistema operacional mais avançado, mais rápido e com melhor aproveitamento do espaço por utilizar o cartão de memória para guardar os aplicativos.

Fui à loja e, todo empolgado, gastei meus bônus para conseguir um mísero desconto de 300 reais. O benefício compensaria o custo, além do fato de eu poder vender o celular antigo, que está em perfeito estado. Configurá-lo foi fácil, pois o Google, fabricante do sistema operacional, costuma ter uma boa visão das necessidades do usuário. Mas quando a Motorola entrou na história, começaram os problemas.

Primeiramente, tenho um programa de GPS da Motorola chamado Motonav, que funcionava perfeitamente no Milestone antigo. Tentei, sem sucesso, passá-lo para o novo, mas o SAC da Motorola me avisou que o programa era incompatível. Mentira, pois consegui fazer uma gambiarra para instalar o programa, que eu já havia comprado para o celular antigo.

Problema resolvido, hora de organizar os contatos, que são atualizados diretamente da conta do Google. Mas a Motorola inventou um tal de MotoBlur, que vincula todos os contatos às redes sociais das quais eles participam. Não haveria problema se eu pudesse editá-los, mas ele me obriga a usar, por exemplo, o nome do usuário no orkut. Então aquelas pessoas que gostam de colocar estrelinhas e desenhinhos ao lado do nome ficavam ridículas, como, por exemplo, **--__ Zé __--**.

Para piorar, uma função que havia no antigo sumiu no novo: a opção de esconder os contatos sem números de telefone. Como a lista de contatos é a mesma do meu Gmail, muitos dos contatos têm apenas nome e endereço de email, sendo inúteis para aparecerem quando eu necessito fazer uma ligação. Ao ser atendido, novamente, pelo SAC da Motorola, recebi uma resposta dizendo que, por causa do MotoBlur, eles haviam suprimido a função.


Resumindo: hoje passei de volta na loja e devolvi o aparelho que comprei ontem. Foi rápido e indolor. E, com a experiência de 24 horas que tive com o gadget, dou um conselho: não troque seu Milestone pela versão mais avançada, o Milestone 2. Aguarde até que a Motorola mande a atualização do sistema, pois você tem um dos melhores celulares do mercado em custo-benefício.

segunda-feira, 28 de março de 2011

O voto pela Lei

Nesta semana, li inúmeras mensagens descendo o malho em Luiz Fux, o novo Ministro do Supremo Tribunal Federal, por sua decisão adiando a validade da Lei da Ficha Limpa para as eleições de 2012. Nos jornais, a notícia era a de que Fux surpreendera a população com seu voto. Na internet, a palavra era "traição".

Mas Fux fez o certo: evitou a abertura de um precedente perigoso que, por mais que fosse ser usado desta vez a favor do eleitorado, poderia dar margem a futuras mudanças maliciosas. A questão toda é que, quando a Lei da Ficha Limpa foi votada, já não era possível alterar a Lei Eleitoral para 2010 dada a proximidade com as eleições. Imagine se, em julho de 2014, com as candidaturas prontas, os deputados resolvem mudar o sistema para lista fechada? Não haveria tempo para mudar as campanhas e explicar para o eleitorado seu funcionamento. E sempre se poderia usar 2010 como argumento para validar a alteração da Lei.

Fux defendeu a população fazendo algo que foi contra a opinião pública. Foi corajoso, arriscou-se a todo o tipo de hostilidade, mas manteve a coerência do sistema eleitoral brasileiro. E nós, eleitores, precisamos esperar apenas quatro anos (oito, no caso de senadores) para nos livrarmos dos bandidos que foram eleitos no ano passado. Considerando tantas décadas de luta no Brasil pela democracia, até que não é tanto.

terça-feira, 15 de março de 2011

O consumidor e as redes sociais

Recentemente estive na Campus Party Brasil e segui constatando quanto a internet mudou a vida das pessoas. No que tange ao direito do consumidor, dois casos bem recentes dão o tom do poder que o cidadão comum ganhou. Agora, existe a real possibilidade de se lutar de igual para igual contra grandes empresas, simplesmente porque existe o canal e há pessoas dispostas a disseminar os casos via twitter ou mesmo por email.

No primeiro caso, Oswaldo Borelli levou sua geladeira à porta de casa e fez um vídeo explicando que ficou 90 dias sem geladeira porque a Brastemp não resolvia o defeito de fabricação. A empresa se desculpou publicamente e entregou um produto novo para o cliente. Mas agora pensarei duas vezes antes de comprar algo da marca.

No mais recente, a consumidora Daniely Argenton denunciou o descaso da Renault com seu Mégane comprado zero com defeitos de fabricação. Desde 2007 ela vem tentando consertar seu carro junto à montadora, que sempre o devolve com o mesmo defeito. Daniely entrou na justiça para ser ressarcida e criou um website explicando o caso, mas a Renault tirou o site do ar através da Justiça de Santa Catarina.

Um tiro no pé: a imprensa costuma tomar o lado do consumidor e seu caso ganhou repercussão devido à decisão da Justiça. A Brastemp foi mais inteligente e pediu desculpas.

O importante é que cada vez mais aprendemos a nos defender como consumidores, temos cada vez mais armas e precisamos saber usá-las para que a política das empresas mude e passe a nos respeitar de verdade, não somente em suas belas propagandas na televisão.