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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Uma época de dar inveja à crise dos mísseis

Rússia e Turquia têm um longo histórico de guerras. Chomsky não é tão bom cientista político quanto é linguista, mas ele tem razão quando diz que o cenário é sombrio. A probabilidade de um ataque russo contra os turcos é grande e, sendo membro da Otan, automaticamente EUA e Rússia estariam em guerra. Ao mesmo tempo, os estadunidenses fornecem armas para os curdos do Iraque contra o Estado Islâmico, o que ameaça a supremacia turca em seu próprio Curdistão.

A guerra fria segue no Oriente Médio: enquanto russos apoiam xiitas, estadunidenses apoiam sunitas (excetuando-se, evidentemente, o Estado Islâmico, que é inimigo de todos, menos do Qatar e, possivelmente, da Arábia Saudita). Esse conflito pode ser visto inteiro na Síria, que tem as três forças atuando, todos contra todos.

O Estado Islâmico, por sua vez, já está na Europa e, provavelmente, nas Américas, após a entrada de centenas de milhares (milhões) de refugiados. Evidentemente alguns membros se infiltraram e estão esperando o momento de agir, como pode ter acontecido na França.

Estamos esperando para ver as cenas dos próximos capítulos. Desde o fim da União Soviética, não havia tantos países em embates contra diferentes inimigos em uma trama tão emaranhada, que fica até difícil de entender sem desenhar. Não arrisco a dizer que teremos uma guerra mundial, mas vivemos o momento mais perigoso dos últimos trinta anos.


Atualização em 23/3/2016: Logo após esse artigo ser escrito, a Rússia pediu para seus cidadãos saírem da Turquia devido ao alto risco de atentados terroristas. Pouco depois, os atentados começaram, e sem reivindicação de autoria. Como se sabe, os grupos terroristas costumam assumir seus atos, até como uma forma de empoderamento. Não é possível afirmar que os russos estão por trás destes crimes, mas também não há por que descartar esta possibilidade.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Venezuela pavimenta o caminho para os Estados Unidos

Não é de hoje que os Estados Unidos querem entrar na Venezuela, e Maduro está pavimentando o acesso. Segundo o documentário Zeitgeist, o país faz parte dos planos dos estadunidenses, que já estabeleceram controles sobre o petróleo e dutos do Afeganistão e os poços do Iraque.

Os recentes assassinatos de manifestantes dão o tom do caminho que o país está seguindo: se no governo Chávez a maior parte dos protestos vinha das classes mais altas – e eles raramente chegavam às ruas –, seu sucessor afunda a o país em todos os níveis, alimentado pela péssima gestão da PDVSA e pela baixa nos preços do petróleo.


Hoje são os estudantes que vão às ruas, sabendo que podem levar bala. Isso não é coragem somente, é desespero. Até hoje, morreram cinco, mas muitas mortes estão por vir. Enquanto isso, por baixo dos panos, os Estados Unidos têm a chance de realizar o que fazem de melhor: financiar e armar grupos de oposição para desestabilizar de vez o governo e, assim, assumir o controle de um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Para piorar, considerando o cenário atual, essa parece ser uma boa alternativa ao que os venezuelanos têm hoje.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Russia e China mais próximos, ganha o meio ambiente?

Os americanos e europeus cometem, repetidamente, erros estratégicos em relação à geopolítica global. A Europa depende fortemente do gás russo, então precisa contemporizar qualquer absurdo que império de Pútin cometa, mas seguiu a diretriz global de isolar a república devido a seu posicionamento (leia-se "intervenção") em relação à crise da Ucrânia, o que produziu um grave efeito colateral.

No dia 21 de maio, Rússia e China assinaram um acordo de torno de 400 bilhões de dólares por 30 anos de fornecimento de 38 bilhões de metros cúbicos de gás natural por ano para os chineses. Este valor foi considerado baixo por especialistas, mas Pútin precisava buscar opções para fugir do isolamento e acabou por abraçar o maior rival do Ocidente: a China.

Bom para o país oriental, que passa a contar com uma grande fonte de energia, ruim para Estados Unidos e Europa, que fortaleceram seu maior adversário. Mas existe ainda um aspecto que ninguém considerou: a possibilidade da China estar começando a substituir sua principal fonte de energia e uma das mais poluentes que existem, o carvão, pelo gás natural, combustível infinitamente mais limpo. Ganha o meio ambiente.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A morte do bicho-papão

O espetáculo está terminado. Dez anos, duas guerras e trilhões de dólares depois, os Estados Unidos afirmam ter matado Osama Bin Laden que, diferentemente da criatura primitiva que habitava cavernas, estava confortavelmente instalado numa mansão no Paquistão.

Ontem, Obama mostrou sua cara triunfante ao mundo para dizer que a inteligência estadunidense havia funcionado e que haviam conseguido matar o maior inimigo de seu país, o Goldstein contemporâneo, o bicho-papão. Ontem, olhei para Obama e vi George W. Bush.

Muito provavelmente Osama tramou e ajudou a executar os ataques ao World Trade Center. Mas onde estão os outros, responsáveis indiretos pelo ataque como o Departamento de Defesa, o ex-presidente e todos aqueles que permitiram, por incompetência, conivência ou cumplicidade, que os Estados Unidos fossem atacados em seu território continental?

Obama ontem vendeu uma ilusão: a de que os Estados Unidos venceram o terrorismo. Ele se esqueceu de dizer que o maior terrorismo contra o povo estadunidense quem faz é o próprio país.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Obama e a difícil tarefa de agradar o povo

O governo democrata de Obama começou e, como disse Lula, o novo presidente estadunidense tem um "pepinaço" nas mãos. Mas esse pepino, abacaxi ou qualquer fruta ou legume além das abobrinhas que seu colega brasileiro fala, pode estar muito além da questão econômica.

Seu pacote de medidas para a revitalização econômica não conseguiu consenso, mas acabou aprovado no congresso e tem boa chance no senado. A cláusula "Buy American", que define que o ferro e aço utilizados nas construções civis oriundas desse pacote devem ser produzidos nos Estados Unidos, fere os princípios do livre comércio e pode encontrar problemas na Organização Mundial do Comércio. É possível que as retaliações acabem levando prejuízo ao país.

Outro fator: a onda de xenofobia está aumentando ao ponto de um senador sugerir que a Microsoft demita primeiro os trabalhadores estrangeiros dentre os 5 mil que está planejando mandar para casa. Para um presidente que foi eleito prometendo aliviar a barra para os imigrantes, o problema é grande. O provável é que ele adie qualquer decisão a respeito do tema.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Uma vitória histórica

Quando na segunda temporada de 24 horas David Palmer apareceu como presidente, achei até graça. O mundo acabaria antes dos estadunidenses elegerem um presidente negro. Permaneci com minha opinião durante as primárias e até quando Obama foi oficializado candidato. Fico feliz em ver que estava errado.

O que aconteceu ontem nos Estados Unidos é mais do que uma novidade: é uma mudança de atitude do povo americano, uma diminuição no conservadorismo wasp e yuppie, e um claro indicador de que o racismo vem diminuindo consideravelmente – e deve diminuir mais caso o presidente eleito faça uma boa administração. Barack Obama é negro de origem muçulmana, leva Hussein em seu sobrenome e está bem à esquerda do que os estadunidenses estão acostumados.

O voto pela mudança teve mais de um motivo. Além da crise econômica, que estourou na mão dos republicanos, com uma perspectiva alta de desemprego e recessão, houve o fator Sarah Palin, um tiro no pé dos republicanos. A candidata a vice passou toda a campanha se explicando, ficou com a pecha de corrupta e radical de direita. Se alguém tinha medo do que Obama era capaz de fazer, o medo de Palin era maior. E assim McCain perdeu a eleição, para o bem dos EUA e do resto do planeta.

Podemos esperar grandes mudanças na política externa e interna dos Estados Unidos, com a diminuição do favorecimento às indústrias bélica e petrolífera, aplicação de dinheiro no desenvolvimento econômico, um enfoque mais ecológico da indústria, entre outras medidas. Resta agora descobrir se elas serão executadas com competência.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os trilhões e a fome

Eu nunca havia ouvido falar de trilhões de dólares. Na verdade, só em dívidas trilionárias, ou melhor, a dívida trilionária dos Estados Unidos, mas dinheiro, de verdade, jamais. De repente, pipocam ajudas a bancos quebrados com números com treze dígitos vindas dos Estados Unidos e da União Européia. Esse dinheiro existe?

Na verdade, não. Ele é o início de uma nova bolha que é a da dívida interna, pois são gerados a partir da emissão de papéis que nem os países mais desenvolvidos têm condição de pagar. É um adiamento do problema que pode gerar um outro ainda maior, pois bancos quebrados são uma coisa; países são outra.

Mas esses pacotes são tidos como necessários para que a economia mundial não colapse de vez. E é nessa hora que as prioridades dos líderes mundiais ficam expostas como uma doença, como a necessidade de um drogadito que deixa de satisfazer suas necessidades mais básicas para alimentar seu vício.

A FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, divulgou um relatório em 2006 relatando que bastavam entre 25 e 30 bilhões de dólares por ano para erradicar-se a fome do planeta até o ano de 2025. Enquanto isso, os EUA despejam US$ 3 tri, a UE joga €1 tri, o Japão utiliza ¥ 10 tri no buraco que restou do dinheiro virtual que desapareceu. Para se ter uma idéia, seria necessário 0,67% desse dinheiro por ano para se resolver o problema da fome no planeta.


Não está na hora de revermos nossas prioridades?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Um novo Bretton Woods

Sarkozy é quem está propondo agora, mas a idéia não é nova. A cada crise que surge, fala-se em reformar o sistema criado pelo acordo de Bretton Woods após a Segunda Grande Guerra. O dólar foi escolhido como moeda-base para a economia mundial, o que, à época, fazia total sentido, visto que os Estados Unidos eram o país desenvolvido menos atingido pela catástrofe generalizada causada pela guerra.



Sessenta anos depois, a dívida interna estadunidense chega à casa dos 10 trilhões de dólares (para maior impacto gráfico: US$ 10.000.000.000.000 ou 1013) e a grande vantagem que sobra ao país é o fato de ser o fabricante do dinheiro usado para lastrear as demais moedas. Seu consumo ultrapassa de longe sua produção, o que torna o país um ralo para os recursos do planeta, inclusive os energéticos, tão escassos ultimamente.

O presidente francês está certo e o ministro da economia italiano, Giulio Tremonti, faz coro. O mundo tem, hoje, moedas mais fortes que o dólar, mas que não podem exercer esse papel devido ao acordo firmado em 1944. Por que não utilizar uma cesta de moedas, como o Euro, a Libra, o Dólar e o Iene? Por que não utilizar, com menor peso, moedas de países em desenvolvimento com economia estável, como os BRICs?

O mundo precisa se reorganizar economicamente e essa crise é uma grande oportunidade. Podemos de fato tirar algo positivo disso tudo. Uma economia mundial lastreada não seria nada mal, além de, é claro, um mercado financeiro com regras mais rígidas, talvez algo que direcionasse o capital para uma economia produtiva.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Quebrou, afinal!

Já estava anunciado. Com as despesas mirabolantes para financiar a guerra, cortes de impostos, economia estagnada e crise das hipotecas, era de se esperar que o dinheiro acabasse mesmo para os maiores fabricantes de papel-moeda do mundo. A quebradeira dos bancos era inevitável.

Assim, os Estados Unidos deixaram de lado toda sua filosofia político-econômica do liberalismo e despejaram bilhões de dólares no mercado para conter a crise, o que não parece estar funcionando. Onde está agora a máxima de que o mercado se auto-regula? O neoliberalismo está morto e enterrado e talvez algum dia os estadunidenses descubram o que a maioria dos países europeus já sabe: é necessária uma intervenção do governo para regular disparidades, sejam elas sociais ou econômicas.

Há tempos o mundo percebeu que é muito perigoso fiar-se no dólar como moeda-lastro para suas economias, até porque ele próprio não é lastreado. Algumas economias, como a chinesa, dividiram suas reservas entre dólares e euros, que tem um Banco Central mais rigoroso e não é fabricado a esmo. Seria necessário um novo acordo nos moldes de Bretton-Woods dividindo a responsabilidade entre os países com moeda forte?

Por enquanto, o Brasil está se sustentando, apesar da queda da bolsa e da alta do dólar, que nem se comparam com tempos recentes em que o país quebrou duas vezes. Espero que o país possa sair dessa crise com um mínimo de seqüelas.