segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Discrepância de método ou manipulação?

Sabemos que pesquisas eleitorais podem dar resultados diferentes de acordo com a metodologia aplicada, número de entrevistados, amostra geográfica, entre outros fatores. Para isso, existe algo chamado "margem de erro", que dificilmente ultrapassa um raio de três pontos, deixando cada candidato num espectro de seis pontos percentuais.

Analisando as pesquisas sobre as eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro pelo Ibope e pelo Datafolha, a história não é bem essa. O Ibope mostra o candidato Marcelo Crivella (PRB) em segundo oscilando desde julho com crescimento de um ponto entre as duas últimas pesquisas, enquanto Fernando Gabeira (PV) disputa a terceira posição, tecnicamente empatado com Jandira Feghali (PC do B) (10% a 9%). A última pesquisa foi divulgada no dia 27 de setembro.

Na véspera, o Datafolha divulgou uma pesquisa mostrando Crivella tecnicamente empatado com Gabeira, que tem uma tendência exponencial de alta com a aproximação do pleito, e com Jandira, também em queda, os três disputando uma vaga no segundo turno.

As diferenças entre as pesquisas dos dois institutos estão muito além das margens de erro. E o que está em jogo nessas pesquisas? A questão de para quem vai o voto útil. Se julgarem o Ibope correto, os anti-crivellistas optarão por Eduardo Paes (PMDB), já que nenhum dos outros adversários teria condição de tirá-lo do segundo turno. Caso confiem no Datafolha, Gabeira é o candidato desses eleitores, podendo disputar o segundo turno com Eduardo Paes.

Nos gráficos abaixo, fiz projeções exponenciais, método que intuitivamente me pareceu mais próximo da tendência atual, e o que vemos é que, pela pesquisa do Datafolha, Gabeira disputará o segundo turno, enquanto pelo Ibope, Crivella está garantido na fase final do pleito.

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Como sabemos que muitos eleitores decidem-se com base nas pesquisas, podemos questionar: será que os institutos não têm um poder excessivo sobre o resultado final do pleito?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pacote completo

Sempre existe o artista da vez. O dessa é Amy Winehouse, a drogada-mor da black music branca britânica. Tenho a convicção de que ela não durará muito tempo, tendo em vista suas sucessivas overdoses e seu nível de drogadição. E surgem os comentários: "É uma pena, alguém com tanto talento desperdiçar sua vida dessa forma!".

Mas será que se fosse diferente, se ela fosse comportada, ela seria a mesma pessoa? Será que Eric Clapton seria o guitarrista que é sem o vício na heroína e álcool? O que teríamos perdido se não fossem as experiências com LSD dos Beatles? E se Kurt Cobain não fosse tão depressivo, teria feito as músicas que fez?

Um artista vem como um pacote completo. E o mesmo ímpeto que o leva a compor músicas geniais leva-o a destruir sua própria vida. A nós, cabe o papel de expectadores e apenas torcer para que eles consigam viver o suficiente para saciar nossa demanda artística.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Poder relativo

Nelson Jobim quer mudar a Lei de Imprensa. Pudera! A imprensa brasileira age de forma tão irresponsável que é capaz de comprometer a estabilidade do sistema político apenas para vender mais jornais. E não é apenas isso: como no caso de Tim Lopes e dos repórteres de O Dia que foram torturados, jornalistas são capazes de expor suas vidas a um risco extremo por apenas mais uma notícia sensacionalista.

Os jornais brasileiros publicam antes de conferir a veracidade das informações e sem nenhuma reflexão acerca das conseqüências de seus atos, como se tivessem um direito transcendente de dizer o que bem entendem. E acabam destruindo a vida de pessoas como os donos da Escola Base, em São Paulo, acusados por mães paranóicas, julgados e condenados pela Globo. Esse sensacionalismo, além de desinformativo, é extremamente nocivo e perigoso.

O foco agora são os grampos. Alguém da Polícia Federal vaza informações para a imprensa, que as publica, comprometendo operações sigilosas. O Ministro da Justiça quer flexibilizar a lei para obrigar os jornalistas a divulgarem suas fontes. Será que isso é mesmo necessário?

Não basta acusar os jornalistas que o fazem de intervirem no curso de uma investigação federal? Afinal, divulgação de informações classificadas é um crime. Não é?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Antigripais

Em épocas de gripe (eu mesmo me encontro de molho por hoje) é bom ficar atento aos remédios que tomamos para combater a enfermidade. Para começar, nenhum remédio combate de fato a gripe. Eles apenas aliviam os sintomas enquanto seu organismo se fortalece e combate o famoso influenza, algo corriqueiro para uma pessoa saudável.

Diversos remédios de laboratórios conhecidos têm exatamente a mesma fórmula. É o caso de Resfenol, Naldecon noite e Descon, que são misturas de paracetamol (analgésico e antitérmico), cloridrato de fenilefrina (descongestionante) e maleato de clorfenamina (anti-histamínico). Os três exatamente com a mesma fórmula.


Na hora de escolher, levei o mais barato, o Descon, e, por enquanto, está funcionando para combater os sintomas. Mas a gripe mesmo só deve passar em mais um ou dois dias.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Humor negro



Ou os caras são muito sarcásticos ou não têm o menor senso. Mas me parece de um extremo mau gosto colocar um livro chamado "Chocolate: tentações & prazeres" colado em um livro de receitas para diabéticos. A pérola estava exposta na loja da Siciliano do Botafogo Praia Shopping. Porque em se tratando de comércio, humor negro tem limites.

Quebrou, afinal!

Já estava anunciado. Com as despesas mirabolantes para financiar a guerra, cortes de impostos, economia estagnada e crise das hipotecas, era de se esperar que o dinheiro acabasse mesmo para os maiores fabricantes de papel-moeda do mundo. A quebradeira dos bancos era inevitável.

Assim, os Estados Unidos deixaram de lado toda sua filosofia político-econômica do liberalismo e despejaram bilhões de dólares no mercado para conter a crise, o que não parece estar funcionando. Onde está agora a máxima de que o mercado se auto-regula? O neoliberalismo está morto e enterrado e talvez algum dia os estadunidenses descubram o que a maioria dos países europeus já sabe: é necessária uma intervenção do governo para regular disparidades, sejam elas sociais ou econômicas.

Há tempos o mundo percebeu que é muito perigoso fiar-se no dólar como moeda-lastro para suas economias, até porque ele próprio não é lastreado. Algumas economias, como a chinesa, dividiram suas reservas entre dólares e euros, que tem um Banco Central mais rigoroso e não é fabricado a esmo. Seria necessário um novo acordo nos moldes de Bretton-Woods dividindo a responsabilidade entre os países com moeda forte?

Por enquanto, o Brasil está se sustentando, apesar da queda da bolsa e da alta do dólar, que nem se comparam com tempos recentes em que o país quebrou duas vezes. Espero que o país possa sair dessa crise com um mínimo de seqüelas.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Alvo voluntário

Existem algumas coisas que nunca vou entender. Outro dia, passando pela Rua da Matriz, deparei-me com esse carro com adesivos simulando buracos de bala. O que existe logo à frente dessa rua? A favela Dona Marta, uma das mais barras-pesadas da Zona Sul do Rio de Janeiro. Será que o dono dessa Pajero Sport acha divertido viver numa cidade violenta?

domingo, 14 de setembro de 2008

Estamos de volta

O Estado Crítico está de volta à ativa. Depois de uma experiência no weblogger e no orkut, estamos operando em domínio próprio e, dessa vez, sem mais interrupções. Acompanhe aqui os artigos, críticas, resenhas e matérias sobre os temas mais polêmicos.

Sejam bem-vindos ao Estado Crítico.