quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Melhor embalagem, produto duvidoso

Há uma grande diferença entre produtos que compramos pré-prontos e os que fazemos em casa. No caso dos filés de frango, por exemplo, ou dos nuggets, a carne pronta leva, normalmente, diversos ingredientes que não são recomendáveis à saúde.

Por isso, sempre olho antes de comprar esses congelados se contêm, principalmente, pele de frango, que é usada para baratear seu custo de produção e possui uma incrível quantidade de colesterol. Há algum tempo, achei um congelado da Perdigão que não continha pele, ou seja, o nível de colesterol e gordura era mais aceitável. Foi grande a minha surpresa ao descobrir que eles vêm fazendo, por assim dizer, uma atualização de seus produtos.

Quando vi a nova embalagem, muito mais chique e bonita, desconfiei e resolvi conferir os ingredientes. O que achei? Exatamente! E nenhum aviso sobre a mudança. Das duas uma: ou sempre houve pele e não informavam ou deveriam informar sobre a mudança na composição. Nenhuma das duas é aceitável.

domingo, 26 de outubro de 2008

Quem perde é o Rio

O Rio perdeu as eleições. Talvez tenha faltado habilidade política de Fernando Gabeira, ou visão de futuro para 50,83% da população, ou mesmo para os 55 mil eleitores que entregaram a prefeitura do Rio para Eduardo Paes.

O fato é que a cidade perdeu hoje uma grande oportunidade e preferiu o de sempre. O político clássico, que promete ações infactíveis como construir 40 UPAs cuja manutenção o orçamento da cidade não permite, ou falar de problemas pontuais como o de Inhoaíba. O eleitor com maiores problemas, o que elegeu Paes, quer soluções imediatistas para problemas imediatos. Ele não entende que uma visão de cidade de 20 anos possa dar um fim em suas questões.

Gabeira levou e não bateu. Não sujou a cidade, não contratou homem-poste, mesmo que não pelo motivo alegado, mas sempre foi coerente. Não atacou Paes mesmo quando isso poderia virar a eleição, sequer mostrou o candidato do PMDB defendendo as milícias em 2006. E, como disse Noblat, quem sabe teremos outra oportunidade dessas daqui a quatro anos? Mas dessa vez, além das máquinas federal e estadual, a municipal também estará ao lado de Paes. E aí, quem segura?

Agüentemos mais oito anos de desmando, de garotismo, de brizolismo, de cabralismo, de incoerência entre o discurso e a prática. Talvez a gente mereça mesmo.

Atualização:

Começaram a surgir as denúncias de fraude. Pela pequena diferença que tiveram os candidatos, isso pode ter definido o resultado. O que será feito caso provado verdade?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mudando para pior II

Vocês se lembram quando queríamos saber a hora para ajustar um relógio, bastava ligar para o 130? Era ótimo: assim que o serviço atendia, a voz começava a falar a hora. E ele ainda dava o bipe a cada dez segundos. Era possível mesmo sincronizar o relógio com a hora oficial.

Hoje, com sorte, se ouve apenas "Novo 130 Telemar" antes da hora com os segundos quebrados. Mas normalmente a mensagem é "Bem-vindo ao 130 Oi. Aqui você sempre ouve a hora certa e ainda conhece os feriados do ano". E depois "Catorze horas e quinze minutos e vinte e nove segundos".

Sei que isso não faz muita diferença prática, mas é para lá de irritante ouvir uma propaganda do próprio serviço quando você o acessa. Por que será que pioram serviços sem a menor necessidade de mudança? Para testar nossa paciência?

Atualização em 25/10/2008

Retina Absoluta sugeriu o site do Observatório Nacional para sincronizar o relógio. Conselho a ser seguido.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os trilhões e a fome

Eu nunca havia ouvido falar de trilhões de dólares. Na verdade, só em dívidas trilionárias, ou melhor, a dívida trilionária dos Estados Unidos, mas dinheiro, de verdade, jamais. De repente, pipocam ajudas a bancos quebrados com números com treze dígitos vindas dos Estados Unidos e da União Européia. Esse dinheiro existe?

Na verdade, não. Ele é o início de uma nova bolha que é a da dívida interna, pois são gerados a partir da emissão de papéis que nem os países mais desenvolvidos têm condição de pagar. É um adiamento do problema que pode gerar um outro ainda maior, pois bancos quebrados são uma coisa; países são outra.

Mas esses pacotes são tidos como necessários para que a economia mundial não colapse de vez. E é nessa hora que as prioridades dos líderes mundiais ficam expostas como uma doença, como a necessidade de um drogadito que deixa de satisfazer suas necessidades mais básicas para alimentar seu vício.

A FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, divulgou um relatório em 2006 relatando que bastavam entre 25 e 30 bilhões de dólares por ano para erradicar-se a fome do planeta até o ano de 2025. Enquanto isso, os EUA despejam US$ 3 tri, a UE joga €1 tri, o Japão utiliza ¥ 10 tri no buraco que restou do dinheiro virtual que desapareceu. Para se ter uma idéia, seria necessário 0,67% desse dinheiro por ano para se resolver o problema da fome no planeta.


Não está na hora de revermos nossas prioridades?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Motorista-trocador e a sorte no trânsito

É cada vez mais comum nos ônibus do Rio de Janeiro o motorista acumular a função de trocador. Essa prática é total em microônibus e começa a se expandir para os ônibus comuns. Que eu tenha percebido, principalmente nos veículos da empresa Braso-Lisboa, que opera as linhas 472, 473 e 474, existe um mini-curral na entrada em que os passageiros precisam esperar de pé que todos paguem, recebam o troco e passem a roleta, liberada pelo próprio motorista.

Com a pressão de horário que os motoristas recebem, somada a todo o barulho que o motor frontal dos ônibus gera, é pedir demais que eles se concentrem em mais essa tarefa sem negligenciar sua direção (para entender um pouco melhor sobre essa questão, sugiro o livro "Jornadas Urbanas" de Janice Caiafa).

Assim, acidentes são comuns, como o que matou três ciclistas na Zona Oeste do Rio no ano passado. Eu mesmo quase fui uma vítima quando voltava do Rio Comprido para a Zona Sul. Distraído com o meu troco, o motorista demorou a ver que o ônibus se deslocava em direção a um poste e deu uma bruta guinada para a pista, evitando, por pouco, a colisão. Tive sorte dessa vez, mas será que é com a sorte que devemos contar? As empresas de transporte deveriam ter mais responsabilidade e não fazer essa economia burra, que reduz gastos com salários, mas pode aumentá-los com indenizações e multas.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Um novo Bretton Woods

Sarkozy é quem está propondo agora, mas a idéia não é nova. A cada crise que surge, fala-se em reformar o sistema criado pelo acordo de Bretton Woods após a Segunda Grande Guerra. O dólar foi escolhido como moeda-base para a economia mundial, o que, à época, fazia total sentido, visto que os Estados Unidos eram o país desenvolvido menos atingido pela catástrofe generalizada causada pela guerra.



Sessenta anos depois, a dívida interna estadunidense chega à casa dos 10 trilhões de dólares (para maior impacto gráfico: US$ 10.000.000.000.000 ou 1013) e a grande vantagem que sobra ao país é o fato de ser o fabricante do dinheiro usado para lastrear as demais moedas. Seu consumo ultrapassa de longe sua produção, o que torna o país um ralo para os recursos do planeta, inclusive os energéticos, tão escassos ultimamente.

O presidente francês está certo e o ministro da economia italiano, Giulio Tremonti, faz coro. O mundo tem, hoje, moedas mais fortes que o dólar, mas que não podem exercer esse papel devido ao acordo firmado em 1944. Por que não utilizar uma cesta de moedas, como o Euro, a Libra, o Dólar e o Iene? Por que não utilizar, com menor peso, moedas de países em desenvolvimento com economia estável, como os BRICs?

O mundo precisa se reorganizar economicamente e essa crise é uma grande oportunidade. Podemos de fato tirar algo positivo disso tudo. Uma economia mundial lastreada não seria nada mal, além de, é claro, um mercado financeiro com regras mais rígidas, talvez algo que direcionasse o capital para uma economia produtiva.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Made in China

O Brasil possui uma das maiores indústrias têxteis do mundo. São mais de 30 mil empresas compondo a cadeia, faturamento superior a R$ 30 bilhões anuais, exportações que superam R$ 2 bilhões, mais de 1,5 milhão de empregos e quase 20% do PIB do país passa por essa cadeia produtiva.

Ainda assim, temos lojas de moda que importam suas coleções de outros países, principalmente da China. Dessa forma, pagam muito pouco por seus produtos e aumentam as margens de lucro. Já seria razão suficiente para comprar produtos nacionais o fato do dinheiro permanecer no país, mas existe muito mais.

Na China, os direitos trabalhistas são precários e, mesmo assim, raramente cumpridos. A qualidade de seus produtos, seja do tecido, seja de sua tintura (lembre-se do caso Mattel) tem pouco controle e, até onde sabemos, crianças são usadas no trabalho agrícola.

Será que não vale a pena pagarmos um pouco mais por produtos nacionais, que geram emprego e fazem circular dinheiro no Brasil? Até quando vamos ficar com essa hipocrisia de criticar o que os outros fazem e contribuir para que suas práticas se perpetuem?

É fácil descobrir quando um produto é nacional ou chinês: basta olhar a etiqueta. Já fui surpreendido por lojas conceituadas que não podiam consertar uma peça defeituosa porque as roupas "vêm prontas da China". Olhe a etiqueta antes de comprar.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Proer e a estatização dos bancos

Em meados da década de 90, o governo criou o Proer – Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional – para evitar que os bancos quebrassem e levassem consigo seus investidores. O Proer permite que o Banco Central intervenha nas instituições financeiras que entraram em crise a partir do fim da inflação – o que acabou com os lucros desvairados que tinham – evitando um colapso do sistema financeiro.

Dezenas de bilhões de reais foram gastas pelo governo desde então para sanear bancos falidos, normalmente devido a corrupção e a uma série de operações ilegais que eram mascaradas pela inflação de outrora. O dinheiro saiu das reservas do país e muitos dos criminosos passaram como meros incompetentes.

O saneamento era fundamental para manter a economia funcionando, pois um colapso do sistema geraria uma corrida aos bancos e quebraria o país. Mas, uma vez saneado o banco, qual era a melhor coisa a fazer com a instituição? O governo achou melhor passar o Banco Econômico para o Excel, que também quebrou e foi incorporado pelo Bilbao Vizcaya, o Nacional para o Unibanco e o Bamerindus para o britânico HSBC. E o dinheiro que foi investido para saneá-los? Nunca retornou aos cofres públicos!

O que fazem estadunidenses e ingleses com suas instituições que quebram? Pagam suas dívidas, evidentemente, mas transferem o controle para o governo. Ou seja, países liberais estão intervindo na economia e estatizando seus bancos para não absorverem o prejuízo sem uma contrapartida.

Em minha opinião, o governo FH e o Banco Central de Gustavo Loyola, Gustavo Franco e Armínio Fraga, cometeram um crime de lesa-pátria, despejando nossas reservas a fundo perdido. Não seria mais honesto incorporar os bancos falidos e suas carteiras ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal?

Atualização em 23/10/2008

O Governo Federal autorizou o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a comprarem bancos que tiverem problemas financeiros.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Hora de baixar a Selic

Não tenho conhecimentos profundos de economia, sei o básico que um jornalista deve saber e algo mais por ser alguém que se interessa. Mas algo me ocorre que esse momento pode oferecer uma boa oportunidade para o Banco Central.

Com a crise nos Estados Unidos, o crédito sumiu da praça, o que deve provocar uma retração no consumo, tendo em vista que o brasileiro normalmente só leva em conta o valor da parcela mensal, e não o total pago pelo produto. Será que não é essa uma boa hora para se diminuir drasticamente a taxa Selic? Assim, poderíamos tentar manter os níveis de consumo como antes da crise e, quando a poeira assentar, os juros poderiam subir novamente caso necessário para regular a inflação.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Cartel

Outro dia, fazendo compras no Supermercado Mundial de Copacabana, vi-me na cena de um crime. Um tipo de crime cometido com freqüência, mas raramente percebido como tal. Acostumado a pesquisar preços de produtos para comprar o que oferece a melhor relação custo-benefício, procurei os preços do óleo de soja. Eram os seguintes:
  • Perdigão: R$ 2,97
  • Liza: R$ 2,98
  • Soya: R$ 2,98
  • Sadia: R$ 2,98

Não é uma grande coincidência que todos tenham o mesmo preço. Isso caracteriza prática de cartel, um crime contra a relação do consumo. Liguei para o Procon-RJ para fazer a denúncia pelo telefone 151. A atendente parecia não entender direito do que eu estava falando, mas me passou um número que, por sua vez, não estava funcionando. Também não encontrei um canal de denúncia pela internet. A quem devemos recorrer nessa hora, afinal?

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Os vereadores do Rio

Um apartamento na Av. Sernambetiba, praia da Barra, custando R$ 140 mil; um apartamento de R$ 80 mil no Jardim Botânico; dois apartamentos em Ipanema que custam juntos R$ 310 mil; um apartamento em Manhattan, Nova York, por menos de R$ 100 mil...

Esse é o mundo dos sonhos para quem quer ter uma casa própria. É uma pena que ele exista somente nas declarações de bens de nossos vereadores eleitos na cidade do Rio de Janeiro. Respectivamente, de Rosa Fernandes (DEM), Chiquinho Brazão (PMDB), Aspásia Camargo (PV) e Andrea Gouvea Vieira (PSDB).

Aliás, vamos falar de Chiquinho Brazão. Em sua declaração de bens constam:
  • Benfeitorias no Posto Giromanilha em 2007.
  • Benfeitorias no Posto Parada 165 Ltda.
  • Emprestimo à empresa Auto Posto Giromanilha Ltda.
  • 10% das quotas do capital da Sociedade Posto Parada 165 Ltda.
  • 22.000 quotas de R$ 1 cada, da Firma Auto Posto 500 Tingui Ltda.
  • 34.500 quotas de R$ 1 cada uma do capital social da Firma Auto Posto Giromanilha Ltda.
Me ocorre: será que ele tem algum interesse relativo à legislação sobre distribuição de combustíveis? Ele aprovaria um projeto que prejudicasse os postos mas fizesse bem à cidade? Algo já foi dito sobre isso. Fiz uma busca sobre sua atuação na Câmara de Vereadores e só o que achei foram acusações de corrupção.

As pessoas têm mania de achar que a votação para o legislativo é menos importante do que para o executivo. Não poderiam estar mais enganadas. Daqui a quatro anos, poucos lembrarão de seus votos em 2008 e, certamente, não procurarão saber nada sobre seus novos candidatos, embora os dados estejam sempre disponíveis para quem se dispuser a verificar.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mudando para pior

Há alguns meses o metrô do Rio de Janeiro mudou seu sistema de cobrança e bilhetagem. Anunciado como o mais moderno do mundo, demorou muito além do previsto para começar a operar e até hoje está num sistema híbrido com bilhetes antigos e novos.

Essa transição gerou muito transtorno. Por exemplo: antigamente, os bilhetes para o ônibus-metrô eram válidos em qualquer momento, podendo ser usados para um e outro sem prazo de validade. Agora, a conexão deve ser feita em no máximo duas horas após a compra do bilhete, ou seja, o passageiro não pode comprar vários bilhetes para evitar a fila.

O resultado é o que se vê nessa foto da estação Carioca às 18h30: o metrô deixou de ser uma opção prática para quem quer um transporte rápido e passou a ser útil apenas se for incluído na logística de transporte do passageiro. Portanto, caso esteja perto de um ponto de ônibus e do metrô, prefira o ônibus, a não ser que já tenha o bilhete comprado, que só tem validade de 48 horas, ou o cartão pré-pago.