quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Exposição eleitoreira?

Hoje o Democratas e o PSDB entram com uma ação contra Lula e Dilma Roussef devido à "exposição diuturna e ostensiva do nome da pré-candidata" com "viés nitidamente eleitoreiro". Isso expressa apenas o óbvio, assim como em seu primeiro mandato, o presidente nunca deixou de estar em campanha.

A prática é comum e até certo ponto inevitável. Basta lembrarmos da exposição que fazia Itamar Franco de seu Ministro da Fazenda e potencial candidato à Presidência da República Fernando Henrique Cardoso que, inclusive, gostava de fazer pronunciamentos em rede nacional de televisão e rádio.


Pouco tempo depois seu nome sairia como candidato da coligação PSDB-PFL.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

É impossível não cair no chavão de que a vida imita a arte. Uma experiência publicada na revista Nature Neuroscience informa que um conhecido remédio para o arritmia cardíaca e pressão alta, o propanolol, quando administrado em até 24 horas após um trauma, pode apagar essa memória potencialmente causadora de uma fobia.

É uma porta perigosa que se abre, como no filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", em que uma firma apaga as memórias ruins de seus clientes, que acabam por repetir os mesmos erros do passado. Mas também é uma forma de se aliviar o estresse por traumas que podem se tornar bloqueios sociais.

O medo tem uma função para todos os animais que é a preservação da própria vida. Ele está diretamente conectado com o instinto de sobrevivência. Sem essas memórias, o medo não se desenvolve e os deixa muito mais vulneráveis.

Além disso, é necessário saber que efeitos o propanolol administrado com esse fim pode ter nas memórias a longo prazo. De qualquer maneira, é uma novidade interessante e que, se conduzida com responsabilidade, pode aumentar a qualidade de vida de pessoas com estresse pós-traumático.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Entre o verossímil e a verdade

Minha reação ao ler a respeito da brasileira Paula Oliveira, agredida por neonazistas na Suíça que levaram ao aborto de gêmeas que esperava, foi a mesma de todos os brasileiros: indignação e orgulho ferido. O fato era perfeitamente plausível – e até esperado – numa época em que a xenofobia está em alta devido à crise econômica global.

Mas em pouco tempo começaram as contradições. A investigação forense indicou que a brasileira não estava grávida. Será? Não há por que a Suíça esconder-se por trás de divulgações de falsos boletins médicos e resultados de investigações. Dizem que ela se agrediu com um estilete porque tem personalidade limítrofe.

O fato é que até o Presidente Lula exigiu uma investigação detalhada e parece não aceitar o aparente descaso com que a polícia está tratando o caso, que chegou a se tornar um pequeno incidente diplomático com potencial para ir parar na ONU. Agora a Suíça exige um pedido de retratação.

É verdade que a imprensa se precipitou: repetiu a versão da brasileira como se fosse um fato. Por esse motivo, foi alvo de críticas da imprensa suíça, que a qualificou como sensacionalista. Mas, dada a conjunção dos fatores, o trauma do caso Jean Charles, os estudantes do Iuperj expulsos da Espanha entre outros abusos, será que podemos realmente culpar a mídia pela precipitação?

Eu digo que sim. Aquele que quer informar jamais pode publicar um fato sem uma prévia apuração. A imprensa brasileira emite opinião travestida de fato puro. Um outro quarto poder, como diz Afonso de Albuquerque, que assume o lugar de porta-voz da verdade. E ai daqueles que discordarem.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Sobre eutanásia e ortotanásia

Sempre que há um caso desse tipo, levantam-se as polêmicas éticas, religiosas e jurídicas. Ontem morreu Eluana Englaro, uma italiana que estava há dezessete anos em estado vegetativo. Assim como a americana Terri Schiavo, ela teve sua hidratação e alimentação artificiais suspensas até que morresse. Levou apenas quatro dias, ao contrário da americana que ficou quatorze dias até morrer de inanição ou desitratação.

Deixando claro: sou a favor do direito de morrer. Às vezes o mais importante é terminar a vida de uma forma digna ao invés de prolongá-la indefinidamente com muito sofrimento até que todos os órgãos do corpo parem de funcionar. Mas por questões legais, a prática da eutanásia (ativa) jamais acontecerá. Resta a opção pela ortotanásia (eutanásia passiva), que pode infligir sofrimento àquele cuja família optou pela morte.

Não se sabe até que ponto uma pessoa em coma profundo sente, sofre ou percebe o que se passa a sua volta. Não é possível medir o sofrimento de uma pessoa que morre por inanição sem poder expressar sua dor. Seria a eutanásia um fim mais humano? Interromper de uma vez a vida no lugar de permitir que a pessoa tenha uma morte natural e possivelmente sofrida?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Obama e a difícil tarefa de agradar o povo

O governo democrata de Obama começou e, como disse Lula, o novo presidente estadunidense tem um "pepinaço" nas mãos. Mas esse pepino, abacaxi ou qualquer fruta ou legume além das abobrinhas que seu colega brasileiro fala, pode estar muito além da questão econômica.

Seu pacote de medidas para a revitalização econômica não conseguiu consenso, mas acabou aprovado no congresso e tem boa chance no senado. A cláusula "Buy American", que define que o ferro e aço utilizados nas construções civis oriundas desse pacote devem ser produzidos nos Estados Unidos, fere os princípios do livre comércio e pode encontrar problemas na Organização Mundial do Comércio. É possível que as retaliações acabem levando prejuízo ao país.

Outro fator: a onda de xenofobia está aumentando ao ponto de um senador sugerir que a Microsoft demita primeiro os trabalhadores estrangeiros dentre os 5 mil que está planejando mandar para casa. Para um presidente que foi eleito prometendo aliviar a barra para os imigrantes, o problema é grande. O provável é que ele adie qualquer decisão a respeito do tema.