sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Para nossa pressa e sua insegurança

Ontem, uma idosa caiu dos degraus de um ônibus da linha 435 em Copacabana quando tentava embarcar porque o motorista arrancou o veículo sem olhar. É engraçado, porque sobre ambas as portas do lado interno está escrito: "Para sua segurança, este veículo somente se movimenta com as portas fechadas".

Parece uma piada de mau gosto, mas não é: os ônibus são alterados na garagem para andar com as portas abertas, dando mais agilidade na saída do ponto. Mais uma vez, a pressão que existe sobre os motoristas, constantemente mal-humorados, faz com que descontem suas frustrações no usuários, muitas vezes derrubando passageiros (às vezes de propósito) ou simplesmente passando direto do ponto, utilizando o pequeno poder que têm sobre nós.

Vai uma dica: em caso de irregularidade ou irresponsabilidade do motorista, anote o horário, local e o número do ônibus e da linha e sempre denuncie-o, tanto para a empresa quanto para a SMTU. Na maioria das vezes, a empresa pune, deixando-o fora do trabalho um dia ou mais e, em caso de reincidência, demitindo-o.

Porque nós não somos saco de pancada de motorista que precisa descontar suas frustrações.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Violência contra a mulher

A Lei Maria da Penha foi um grande passo, mas não basta a lei mudar, é preciso que as pessoas mudem também. Pouca coisa pode ser comparada em termos de covardia com a violência contra mulheres e crianças. E, muitas vezes, elas vêm juntas. Hoje é o dia internacional da não-violência contra as mulheres.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Roger & us

Há muitos anos, assisti a um documentário do escandaloso Michael Moore chamado "Roger & Me" que tratava da miséria em que ficou a sua cidade natal, Flint, em Michigan, EUA, após a remoção de uma fábrica da General Motors para o México nos anos 80. O "Roger" do nome é o então CEO da empresa Roger Smith, que morreu no ano passado, perseguido por Moore para dar uma entrevista a respeito do deslocamento da fábrica.

Hoje, a GM está à beira da falência. Os Estados Unidos estudam um pacote de ajuda à indústria automotiva, mas a demora em aprová-lo devido à exigência de um plano de viabilidade por parte dos congressistas para liberar o dinheiro pode ter conseqüências irreversíveis.

Não é impossível que a GM ou a Ford fechem as portas em definitivo, ou sejam vendidas para uma montadora indiana, chinesa ou mesmo européia. Suas dívidas estão muito acima de sua capacidade de pagamento e as empresas estão sem capital para manter as indústrias funcionando.

O que será que Roger Smith diria nesse momento?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Construa uma arca, meu filho

Lá se vão dezesseis anos de gestão Cesar Maia, considerando que ele próprio elegeu o Conde, e onde a cidade chegou? Um final melancólico para sua prefeitura, com uma enchente na Zona Sul como não se via há muito tempo, com ruas totalmente alagadas e pessoas presas em qualquer lugar que fosse um pouco mais alto.

Eu era uma delas: da esquina da Rua Edmundo Lins com a Figueiredo de Magalhães, pude filmar um pouco do martírio das pessoas que simplesmente tentavam chegar em casa. O vídeo diz tudo.



Agora, com o novo prefeito, que assim como Conde é cria de Cesar Maia que se tornou seu inimigo, devemos apenas nos preparar para mais quatro anos disso.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Banheiro público

Essa semana, recebi um email curioso. Era uma foto sobre algum malandro que criou uma tenda em torno de uma boca-de-lobo para as pessoas urinarem durante o carnaval de 2008. Qualquer um pode condenar o sujeito por fazer isso, mas por que um empreendimento desse tipo é possível no Rio de Janeiro?

É muito simples: não existem banheiros públicos na cidade. A prefeitura gasta em campanhas para as pessoas não urinarem nas árvores e nos muros como alguns cartazes espalhados por aí, mas nenhuma iniciativa concreta é tomada. Resta à população apelar para a boa vontade de funcionários de bares, restaurantes e postos de gasolina. Mas se a coisa apertar de noite ou de madrugada, qual é a opção?

É apenas mais um exemplo de como oportunistas se aproveitam do vácuo deixado pelo Estado.

domingo, 9 de novembro de 2008

Publicação automática?

Pressão nas redações, tendência política dos jornais ou pura incompetência? Não é todo dia que encontramos manchetes tão contraditórias nos jornais. A primeira página do Extra do dia 8 de novembro diz que "Reprovação volta, mas secretária não diz como melhorar o ensino". No Dia, "Aprovação automática vai continuar, mas com reforço". Ou seja, as duas informações dadas em cada um dos títulos são absolutamente antagônicas! Ou bem a reprovação volta, ou a aprovação automática vai continuar. Ao mesmo tempo, se a secretária não diz como melhorar o ensino, o que significa "com reforço"? Não é justamente melhorar o ensino?

Os jornais funcionam numa rotina tão pesada que recorrem a algo chamado "enquadramentos sistemáticos", um padrão de seleção e organização das notícias que torna o fechamento das edições e a publicação de matérias mais eficientes, porém, menos ponderados. Pelo visto, a "publicação automática" será mantida nas redações. Sobre os enquadramentos, Todd Gitlin tem uma explicação detalhada, mas quem quiser algo mais resumido pode ler o capítulo 2.2 da minha dissertação de mestrado.

Parece-me que ambos os jornais estão errados, pelo menos em parte. A reprovação volta, pelo menos em tese, já que o conceito "Insuficiente" passa a existir novamente no boletim dos alunos. Ao mesmo tempo a secretária Cláudia Costin anunciou reciclagem anual dos professores nos moldes da educação japonesa. Aliás, é uma piada comparar a educação municipal carioca com qualquer educação no Japão.

Tudo muito bonito no papel, mas gostaria de saber com que dinheiro o prefeito eleito vai contratar professores, ministrar cursos de reforço, construir as UPAs e contratar todos os médicos necessários. Quantas promessas ele vai quebrar ainda?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Uma vitória histórica

Quando na segunda temporada de 24 horas David Palmer apareceu como presidente, achei até graça. O mundo acabaria antes dos estadunidenses elegerem um presidente negro. Permaneci com minha opinião durante as primárias e até quando Obama foi oficializado candidato. Fico feliz em ver que estava errado.

O que aconteceu ontem nos Estados Unidos é mais do que uma novidade: é uma mudança de atitude do povo americano, uma diminuição no conservadorismo wasp e yuppie, e um claro indicador de que o racismo vem diminuindo consideravelmente – e deve diminuir mais caso o presidente eleito faça uma boa administração. Barack Obama é negro de origem muçulmana, leva Hussein em seu sobrenome e está bem à esquerda do que os estadunidenses estão acostumados.

O voto pela mudança teve mais de um motivo. Além da crise econômica, que estourou na mão dos republicanos, com uma perspectiva alta de desemprego e recessão, houve o fator Sarah Palin, um tiro no pé dos republicanos. A candidata a vice passou toda a campanha se explicando, ficou com a pecha de corrupta e radical de direita. Se alguém tinha medo do que Obama era capaz de fazer, o medo de Palin era maior. E assim McCain perdeu a eleição, para o bem dos EUA e do resto do planeta.

Podemos esperar grandes mudanças na política externa e interna dos Estados Unidos, com a diminuição do favorecimento às indústrias bélica e petrolífera, aplicação de dinheiro no desenvolvimento econômico, um enfoque mais ecológico da indústria, entre outras medidas. Resta agora descobrir se elas serão executadas com competência.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Murders and executions

Poucas vezes na economia algo chamado "fusão" realmente acontece. Na maioria dos casos, o que ocorre é a compra de uma empresa cambaleante por algum gigante do setor. Murders and executions, como diria o psicopata americano Patrick Bateman.

Como correntista do Banco Real, preocupei-me ao saber de sua aquisição pelo Grupo Santander. Recebi uma carta dizendo que nada mudaria, mas não sei até quando isso será verdade. Ontem, o Itaú comprou o Unibanco em mais uma "fusão". Já havia boatos de que o banco dos Moreira Salles andava mal das pernas e, com a crise, o negócio foi acelerado.

É certo que a compra do Unibanco acalma o mercado financeiro e a Bovespa, que já ensaiou uma alta. Mas com essas "fusões e aquisições", o oligopólio dos bancos no Brasil fica cada vez mais restrito, logo, diminuindo a concorrência. Isso significa taxas maiores e menos rentabilidade. É isso que se chama auto-regulação do mercado?