quinta-feira, 26 de março de 2009

Vou passar cerol na mão! Vou sim!

Cerol é uma mistura de cola com vidro moído que as crianças (às vezes nem tão crianças) passam na linha da pipa para guerrear e cortar linhas de outras pipas. Mas nem sempre o alvo atingido é o planejado. Muitas vezes, motociclistas morrem ou têm seus pescoços cortados quando cruzam uma via com uma linha dessas atravessada.

O deputado estadual Alessandro Calazans, do PMN, apresentou o projeto de lei no 576/2003 que libera e regulamenta o uso dessa arma por adolescentes com dezesseis anos ou mais com a justificativa de favorecer os fabricantes de cerol, que estariam sendo prejudicadas pela proibição.

É claro que os motociclistas estão protestando através dos meios cabíveis tentando convencer os deputados a reprovarem a lei que, cá entre nós, não tem cabimento. A eles, recomenda-se o uso de antenas que cortem as linhas no guidom da motocicleta. Vejam só o que achei no Google, com mais 11.600 resultados:

  • Mulher morre após ser degolada por linha com cerol em Sorocaba (SP)
  • Motoqueiro morre por linha com cerol
  • Motociclista morre degolado por linha com cerol em MS
  • Homem morre na BR-116 atingido por linha com cerol

  • Só para constar, o deputado Calazans já foi envolvido em diversos processos. Na Alerj, quase foi cassado em 2004 por favorecer um acusado na CPI da Loterj, mas permaneceu no cargo e foi reeleito ano passado.

    Atualização em 30/03: Após enviar um email para o deputado reclamando do projeto, recebi a seguinte resposta: "A legislação atual não atingiu seu objetivo, as pessoas não pararam de usar o cerol e os acidentes continuam, esta nova lei irá regulamentar e facilitar a fiscalização, que hoje é nenhuma". Pergunto por que motivo haverá fiscalização se a lei passar. Não basta aumentar a fiscalização hoje e prender quem produz esse componente?

    terça-feira, 24 de março de 2009

    Guerra dos Tabajaras: quem são os responsáveis?

    A cena já foi mais comum na cidade, mas não deixa de ser surpreendente. Assim, tão próximo à minha casa, foi a primeira vez que vi. Saindo do metrô da Siqueira Campos pela Figueiredo de Magalhães, vi os carros voltando na contramão da Rua Tonelero para evitar o fogo cruzado que se estabeleceu na esquina com a Rua Santa Clara. Felizmente a polícia agiu de forma exemplar, capturando a maioria dos traficantes, matando outros poucos e sem maiores danos à população civil.

    A guerra dos Tabajaras acontece porque traficantes da Rocinha querem tomar o morro que separa Copacabana de Botafogo. E o que nós temos com isso? Bem, o fato é que é a Zona Sul do Rio é o mercado consumidor de drogas e a ladeira dos Tabajaras fica numa situação estratégica de distribuição.

    E de quem é a culpa, afinal? É claro que a política de combate às drogas é desastrosa, focando muito mais na parte coercitiva do que educativa. Mas, no final, a responsabilidade é nossa, da classe média que mora nos bairros nobres da cidade, que acha legal dividir um baseado ou oferecer uma carreirinha de pó. Tudo isso para depois sair de camiseta branca na rua ou criticar nossos governantes.

    segunda-feira, 9 de março de 2009

    Upa, upa! Mas não caia do cavalo!

    Semana passada, o governador do Rio de Janeiro anunciou que fecharia a ortopedia das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de todo o Estado. As UPAs foram a principal obra de Cabral e também a principal promessa de campanha do prefeito Eduardo Paes, que se comprometeu a construir quarenta delas.

    A questão foi posta ainda nos debates entre os candidatos a prefeito: de que adianta construir se não é possível contratar? O problema é que com os salários medíocres pagos aos médicos, eles se recusam a trabalhar para o Estado. Das 80 vagas abertas pelo governo, apenas 22 foram preenchidas. Podemos imaginar a qualidade e a satisfação dos médicos que trabalham por tão pouco, certo? Mas com tanto dinheiro que recebeu das empreiteiras, o prefeito é bem capaz de cumprir a promessa.

    Então, é melhor que seus eleitores tomem cuidado para não cair do cavalo. Podem faltar médicos para cuidar dos traumas.

    quarta-feira, 4 de março de 2009

    Guerra aérea

    Está declarada a guerra entre Sérgio Cabral Filho, o governador almofadinha, e a Agência Nacional de Aviação Civil, aquela que não consegue organizar o tráfego aéreo brasileiro. Explico a situação: desde 2005, o aeroporto Santos Dumont só podia operar na ponte aérea, de acordo com decreto publicado pelo antigo Departamento de Aviação Civil, substituído pela ANAC.

    Por causa dessa portaria, o aeroporto, que tem capacidade para operar 23 vôos por hora, estava funcionando somente com quinze. Ora, quem mora no Rio de Janeiro sabe o transtorno que é para chegar no aeroporto do Galeão (Tom Jobim), que fica na Ilha do Governador. Na hora do rush, a linha vermelha fica impossível e é necessário sair de casa com horas de antecedência para não perder o voo.

    Por que não, então, aproveitar a capacidade do SDU? Porque o governador está tentando "vender" o Galeão, sem levar em consideração o que é melhor para a população da cidade. Seu medo é que parte do movimento mude de aeroporto, enfraquecendo a concorrência pela concessão do GIG – que, aliás, fica parecendo uma rodoviária em dias de pico.

    Segundo o jornal O Globo, Cabralzinho "declarou guerra à Agência Nacional de Aviação Civl (...) e prometeu retaliar com elevação de impostos" porque a nova companhia aérea, Azul, ganhou um terminal, aumentando a concorrência.

    Será que Cabral está perdendo alguma coisa nessa jogada? O que as outras companhias aéreas têm a oferecer que não aparece por aí?