Rica Perrone defende a Copa do Mundo. Ele é um blogueiro famoso, não obscuro como eu, ligado ao Globo Esporte e com apoio de Furnas, empresa estatal. Ele não só defende a Copa, mas defende o direito de defendê-la, de curti-la sem vergonha.
Também acho isso. Mas o que Rica não entendeu foi que os protestos não são somente sobre a Copa:
"Deve-se odiar a Copa, a Rede Globo e o que mais as minorias barulhentas determinarem. Acreditem, senhores! Para estes, não fossem estádios, estariamos cheios de hospitais hoje sem nenhum tipo de problema com corrupção. Afinal, a culpa é da Copa", diz, ironicamente.
Ninguém disse que se não houvesse Copa, os problemas da saúde e da corrupção no Brasil estariam solucionados. A Copa, com tudo o que foi gasto, esfregou a corrupção na nossa cara mais do que nunca, como já havia dito o deputado Romário. A grande revolta é: se há dinheiro para isso, por que não constroem hospitais, escolas, estradas, ferrovias, não melhoram os salários dos professores, não cobram menos nas passagens, e por aí vai. Se há tanto dinheiro para se fazerem estádios, alguns que se tornarão elefantes brancos, como em Manaus ou Fortaleza, por que a vida do brasileiro não melhora? Por que o serviço público é tão ruim?
Rica, a revolta existe e não é de uma minoria. Basta ler isso, ou isso, ou isso para saber. Basta andar pelas ruas das cidades-sede e ver a diferença entre esta Copa e as anteriores: não há ruas enfeitadas, não há muros ou ruas pintadas, não há bandeirinhas penduradas.
O povo brasileiro merece mais do que estádios e jogos de uma Copa cujos ingressos ele mesmo não tem dinheiro para pagar.
11 de setembro de 2025
Há 17 horas