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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Rica não entendeu direito

Rica Perrone defende a Copa do Mundo. Ele é um blogueiro famoso, não obscuro como eu, ligado ao Globo Esporte e com apoio de Furnas, empresa estatal. Ele não só defende a Copa, mas defende o direito de defendê-la, de curti-la sem vergonha.

Também acho isso. Mas o que Rica não entendeu foi que os protestos não são somente sobre a Copa:

"Deve-se odiar a Copa, a Rede Globo e o que mais as minorias barulhentas determinarem.  Acreditem, senhores! Para estes, não fossem estádios, estariamos cheios de hospitais hoje sem nenhum tipo de problema com corrupção.  Afinal, a culpa é da Copa", diz, ironicamente.

Ninguém disse que se não houvesse Copa, os problemas da saúde e da corrupção no Brasil estariam solucionados. A Copa, com tudo o que foi gasto, esfregou a corrupção na nossa cara mais do que nunca, como já havia dito o deputado Romário. A grande revolta é: se há dinheiro para isso, por que não constroem hospitais, escolas, estradas, ferrovias, não melhoram os salários dos professores, não cobram menos nas passagens, e por aí vai. Se há tanto dinheiro para se fazerem estádios, alguns que se tornarão elefantes brancos, como em Manaus ou Fortaleza, por que a vida do brasileiro não melhora? Por que o serviço público é tão ruim?


Rica, a revolta existe e não é de uma minoria. Basta ler isso, ou isso, ou isso para saber. Basta andar pelas ruas das cidades-sede e ver a diferença entre esta Copa e as anteriores: não há ruas enfeitadas, não há muros ou ruas pintadas, não há bandeirinhas penduradas.

O povo brasileiro merece mais do que estádios e jogos de uma Copa cujos ingressos ele mesmo não tem dinheiro para pagar.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Não há líderes ou somos todos líderes

Eduardo Paes diz que quer se reunir com os líderes do movimento. Não há lideres, sabe ele muito bem, e se utiliza disso para tentar esvaziar a importância das manifestações quando é justamente isso que as torna tão importantes.

Quando há líderes, o jogo é fácil: negocia-se com umas três ou quatro cabeças e se arrefece o movimento. Quando as reivindicações são pontuais, mais fácil ainda: chega-se a um meio-termo. Mas não há líderes nem reivindicações pontuais. E essa é a beleza da coisa.


O que os ditos especialistas ainda não entenderam é como funcionam as redes sociais. Há multiplicadores, e aderentes, que frequentemente se tornam multiplicadores. Somos todos líderes.

E a grande dificuldade nisso tudo é entender o que está sendo reivindicado. Não adianta perguntar, ler os cartazes. É preciso se meter nas redes, procurar as mensagens, entender o que está deixando as pessoas mais indignadas. E os pedidos são de reformas estruturais, não de ações pontuais.

Não sei se os assessores da presidente, dos governadores e dos prefeitos estão preparados para isso. É impossível dizer para onde vai essa multidão que sai às ruas pedindo mudanças. O movimento pode crescer ou esvaziar, pode seguir forte até a Copa do Mundo, até as Olimpíadas, ou as pessoas podem cansar e se conformar com pequenas ações dos mandatários. Cabe agora observar quem tem a melhor estratégia.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

É por 26 bilhões de reais

Quando Arnaldo Jabor desandou a falar as asneiras que disse sobre os protestos, não me decepcionou. Porta-voz dos que pagam seu salário, não tardará a mudar de opinião, agora que a imprensa virou a casaca.

A população não está protestando por 20 centavos de aumento nas passagens de ônibus. Está protestando pelos 26 bilhões que deixaram de ser gastos em transporte, saúde e educação pública para construir e reconstruir estádios que, em qualquer lugar do mundo, teriam um custo bem menor. A corrupção a olhos vistos incomoda e o aumento das passagens foi um pretexto para as pessoas se reunirem por algo bem maior.

E os protestos foram pacíficos, fora um ou outro baderneiro. Mas a polícia nos proporcionou cenas que não víamos há 30 anos, atirando contra seu próprio povo, mirando balas de borracha no rosto das pessoas, disparando gás e spray de pimenta a esmo, prendendo pessoas sem que nenhum crime tivesse sido cometido. 

O protesto é por todos. A classe média, que está nas ruas, não precisa frequentar hospitais públicos ou escolas da prefeitura. Tem dinheiro para andar de ônibus, táxi ou carro. Mas protesta pelos outros, que estão tão acostumados a serem tratados como gado que não entendem que é seu direito estudar numa escola decente, ser bem atendido num hospital e ter o dinheiro de seus impostos bem empregado.