sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O golpe do momento

Cada vez mais eu constato que o ser humano precisa arrumar novos mitos em que acreditar a qualquer custo. De tempos em tempos, algum produto mágico aparece, seja um elixir, uma fonte da juventude, uma dieta ou algo que vai deixar seu corpo torneado sem esforço.

O golpe do momento se chama Power Balance. O produto em si é um holograma com um logotipo tosco. Nem é um holograma de alta tecnologia, parece com aqueles estampados nos cartões de crédito. É vendido em uma pulseira de plástico ou silicone, como os relógios infantis.

A explicação? "A pulseira POWER BALANCE® contém embutidos dois hologramas quânticos de Mylar programados com frequências que interagem naturalmente com o campo electromagnético do corpo humano". Seus benefícios "incluem melhoria de equilíbrio, o aumento da força, uma maior amplitude de movimentos e um bem-estar geral".

Como é? Holograma quântico? Quântico: "Diz-se de qualquer sistema ou fenômeno quantificado". Campo eletromagnético do corpo humano?

Não caiam nesse golpe. Enquanto as pessoas continuarem buscando soluções mágicas para seus problemas sempre haverá quem promete uma solução.

Atualização em 5/1/2011: Os próprios fabricantes admitiram que a pulseira é uma farsa e vão devolver o dinheiro. Agora eu vi um anúncio no metrô vendendo um neutralizador de eletromagnetismo, nos mesmos moldes!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Schumacher x Prost

O que os dois supercampeões têm em comum e o que têm de diferente? Saindo do blablablá habitual de que a Fórmula Um de hoje é diferente da de outrora, ambos fizeram a mesma escolha: abandonar o esporte por um tempo para tentar uma volta triunfal.

As condições eram parecidas: em 1993, a Williams tinha um carro que, como disse Ayrton Senna, estava em outro planeta em relação aos demais. O mediano Nigel Mansell fora campeão no ano anterior fazendo praticamente todas as pole-positions e ganhando mais da metade das corridas com um carro que corria sozinho. Schumacher entrou para uma equipe campeã, que colocou os medianos Jenson Button e Rubens Barrichello em primeiro e terceiro lugar no campeonato com um carro que começou a temporada muito acima dos demais que, aos poucos, foram alcançando-o.

Prost foi tetracampeão com aquele carro e decidiu se aposentar de vez. Ainda assim, a genialidade era visível na direção do francês. E o que aconteceu com Schumi? Suas atuações medíocres neste ano fizeram dele a decepção da temporada. Ficou atrás de seu companheiro de equipe (bem atrás, diga-se de passagem) e encerrou o ano com um acidente ridículo que poderia ter sido muito grave.

Ele errou ao voltar? Acho que não. Talvez ele realmente não seja mais tão bom quanto antes, mas como saber disso sem entrar na pista? Que melhor equipe do que a campeã para seu retorno? Discordo de Mika Häkkinen, que o considera um ex-herói trágico. Não vai ser uma sequência ruim que vai lhe tirar o legado de sete títulos mundiais.