segunda-feira, 24 de maio de 2010

Nuvem verde

A frase é de Magalhães Pinto: "Política é como uma nuvem: você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou". A nuvem da vez é verde: Fernando Gabeira está fechando uma aliança com os liberais PSDB e DEM e com o vira-casaca PPS para lançar sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro. Isso já era esperado, visto que, desde quando rompeu com o PT, essas têm sido as alianças do pré-candidato.

Ok, romper com o PT porque discorda de suas alianças, da ligação de Lula com Sarney, das atitudes de José Dirceu... tudo isso faz sentido. Mas dói ver Fernando Gabeira, bastião da ética (e falo isso sem ironia), lançar sua pré-candidatura ao lado de Zito, figura conhecida de Duque de Caxias que já respondeu a diversas acusações, mas nunca foi punido.

Mas em uma coisa não há novidade: continua muito difícil escolher um candidato no Rio de Janeiro.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Desculpe, Marina, mas eu tô de mal

A incoerência política não é privilégio de José Serra, que não sabe o que fazer com o Banco Central, ou de Lula, que agora joga com seus antigos inimigos políticos. Um partido que era tido como de esquerda passou, de uns anos para cá, a fazer alianças muito duvidosas.

Desde o rompimento de Fernando Gabeira com o PT – e com Lula –, o Partido Verde passou a fechar com antigos antagonistas como o PFL, hoje DEM, e o PSDB, adotando, juntamente com o PPS do ex-comunista Roberto Freire, um discurso de oposição.

Marina Silva, pré-candidata do partido à Presidência da República, no afã de desfazer sua imagem de esquerdista radical, declarou que apoiava, com ressalvas, as privatizações feitas por Fernando Henrique Cardoso e utilizou uma justificativa que ultrapassa os limites da ignorância política: se Lula não as reverteu, é porque as aprova também.

Afinal, não é tão simples reverter uma privatização, uma vez que as ações já foram para o mercado e já trocaram de mãos inúmeras vezes – como as da Vale, provavelmente uma das ressalvas de Marina. Além disso, uma atitude radical como essa poderia causar insegurança para o mercado financeiro.

Mas Marina é apenas uma coadjuvante do processo eleitoral. Um voto de protesto daqueles que são esquerda demais para votar em Serra, mas não votam em Dilma porque estão decepcionados com o governo petista. Nada que vá fazer muita diferença na linha da História.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Violência privada

Essa semana, um cliente do Bradesco, aposentado, morreu após ser baleado no rosto por um segurança. Ele tinha um marcapasso e, por isso, a porta giratória travou, impedindo sua entrada. Após uma discussão, o funcionário sacou sua arma e atirou no rosto do aposentado, matando-o e ferindo outro idoso que estava no local.

A regulamentação para a profissão de vigilante no Brasil é severa, exige cursos de reciclagem periódicos e um curso de formação que deve ensinar tanto a questão teórica como os procedimentos práticos. Mas por que, volta e meia, algum vigilante acaba vitimando um cidadão inocente?

Muitas dessas empresas de vigilância funcionam de forma irregular e não controlam a formação de seus profissionais, o que as empresas contratantes fingem não ver pois, dessa forma, os custos são inferiores do que os das empresas que atuam dentro da legalidade. Entretanto, o ônus é muito maior do que a economia.