Quando Arnaldo Jabor desandou a falar as asneiras que disse sobre os protestos, não me decepcionou. Porta-voz dos que pagam seu salário, não tardará a mudar de opinião, agora que a imprensa virou a casaca.
A população não está protestando por 20 centavos de aumento nas passagens de ônibus. Está protestando pelos 26 bilhões que deixaram de ser gastos em transporte, saúde e educação pública para construir e reconstruir estádios que, em qualquer lugar do mundo, teriam um custo bem menor. A corrupção a olhos vistos incomoda e o aumento das passagens foi um pretexto para as pessoas se reunirem por algo bem maior.
E os protestos foram pacíficos, fora um ou outro baderneiro. Mas a polícia nos proporcionou cenas que não víamos há 30 anos, atirando contra seu próprio povo, mirando balas de borracha no rosto das pessoas, disparando gás e spray de pimenta a esmo, prendendo pessoas sem que nenhum crime tivesse sido cometido.
O protesto é por todos. A classe média, que está nas ruas, não precisa frequentar hospitais públicos ou escolas da prefeitura. Tem dinheiro para andar de ônibus, táxi ou carro. Mas protesta pelos outros, que estão tão acostumados a serem tratados como gado que não entendem que é seu direito estudar numa escola decente, ser bem atendido num hospital e ter o dinheiro de seus impostos bem empregado.