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segunda-feira, 17 de junho de 2013

É por 26 bilhões de reais

Quando Arnaldo Jabor desandou a falar as asneiras que disse sobre os protestos, não me decepcionou. Porta-voz dos que pagam seu salário, não tardará a mudar de opinião, agora que a imprensa virou a casaca.

A população não está protestando por 20 centavos de aumento nas passagens de ônibus. Está protestando pelos 26 bilhões que deixaram de ser gastos em transporte, saúde e educação pública para construir e reconstruir estádios que, em qualquer lugar do mundo, teriam um custo bem menor. A corrupção a olhos vistos incomoda e o aumento das passagens foi um pretexto para as pessoas se reunirem por algo bem maior.

E os protestos foram pacíficos, fora um ou outro baderneiro. Mas a polícia nos proporcionou cenas que não víamos há 30 anos, atirando contra seu próprio povo, mirando balas de borracha no rosto das pessoas, disparando gás e spray de pimenta a esmo, prendendo pessoas sem que nenhum crime tivesse sido cometido. 

O protesto é por todos. A classe média, que está nas ruas, não precisa frequentar hospitais públicos ou escolas da prefeitura. Tem dinheiro para andar de ônibus, táxi ou carro. Mas protesta pelos outros, que estão tão acostumados a serem tratados como gado que não entendem que é seu direito estudar numa escola decente, ser bem atendido num hospital e ter o dinheiro de seus impostos bem empregado.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O risco da profissão

Ontem morreu o cinegrafista Gelson Domingos, da Rede Bandeirantes, durante uma troca de tiros na favela de Antares, em Santa Cruz. Quando morre um jornalista, ouvimos os mais diversos disparates, desde a crítica em relação ao empregador que, segundo alguns, deveria ter provido maiores condições de segurança para seu funcionário, até frases desconexas sobre liberdade de imprensa.

O colete balístico que o repórter utilizava era o mais resistente permitido pela lei. Atentado à liberdade de ir e vir, com certeza, mas apenas autoridades têm o poder de praticar atos contra a liberdade de imprensa. O fato é que, assim como aconteceu com o jornalista Tim Lopes, o jornalismo policial nesse nível é muito próximo da correspondência de guerra e tem os seus riscos. Entrar num tiroteio durante uma invasão policial é um risco calculado, tanto que foi o primeiro profissional de comunicação que morreu desta forma, mas o risco está lá.

Gelson tinha décadas na profissão e até então nada lhe havia acontecido. Outras pessoas estavam lá e agiram da mesma forma. O que aconteceu foi apenas uma fatalidade.

domingo, 16 de outubro de 2011

A tragédia no restaurante Filé Carioca

Na última quinta-feira, dia 13 de outubro, uma explosão destruiu o restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes. Eu costumava frequentá-lo esporadicamente e tinha dado uma avaliação muito positiva do restaurante no meu guia "Comer no Centro". Foi o único restaurante cujo dono se manifestou respondendo a minha avaliação e efetivamente promovendo mudanças a fim de aumentar a qualidade do estabelecimento.

Por esse motivo, gravamos no interior do Filé Carioca no dia 6 de outubro, exatamente uma semana antes da tragédia, um programa para circular na televisão interna do meu trabalho sobre o guia. Conheci o dono, o Rogério, que me explicou as mudanças que foram feitas, principalmente no sistema de exaustão, pois a umidade deixava o subsolo com cheiro de mofo.

Essa informação estava como comentário do dono no meu guia, já que em minha avaliação eu chamava a atenção para o odor incômodo. Com o problema resolvido, retirei este trecho, mas não o comentário que informava da resolução do problema. Eis que, após a tragédia, um debate surgiu na área de comentários da avaliação e um jornalista com o péssimo hábito de não checar as informações escreveu uma matéria para a Veja online utilizando esses comentários como fonte. Resultado: confundiu o problema do cheiro de mofo do subsolo com um possível problema de exaustão da cozinha do restaurante, levando o leitor a uma falsa conclusão.

Não sabemos até que ponto Rogério, o dono do restaurante, teve responsabilidade sobre o ocorrido. O fato é que houve inspeções no local e o estabelecimento nunca foi interditado ou multado por estocar gás em bujões. É claro que, quando se fala em gás, é notória a necessidade de se manter o local aberto e arejado para caso de vazamento. Houve negligência? Talvez. Ignorância? Com certeza. Mas culpar abertamente Rogério, às vezes com adjetivos mais do que pejorativos, como fizeram nos comentários (alguns apagados por mim para poupar as pessoas ligadas ao evento), é, no mínimo, imprudente. Deixemos as autoridades fazerem seu papel e descobrirem exatamente o que aconteceu. Ouçamos o que o Rogério tem a dizer sobre isso tudo. Antes disso, somente podemos prestar solidariedade a ele e às vítimas desta tragédia.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Caldeirão

Fui enviado pelo meu trabalho para a Campus Party em São Paulo para recolher e compilar ideias sobre mídias sociais. Não tinha muita noção de como seria isso mas, pelo teor das palestras, vi que poderia ser muito interessante.

No primeiro dia, pude assistir a uma palestra/debate de Al Gore e Tim Berners-Lee, que falaram sobre a horizontalização do processo comunicacional que a internet proporcionou e da incapacidade dos governos e legislações de acompanharem as mudanças na velocidade da rede. Eles chamaram a atenção para a tentativa de grandes grupos de dominarem a internet e da necessidade de se mantê-la livre de controles e amarras. Claro, Gore não perdeu a oportunidade de chamar a atenção para a questão ambiental e como a internet pode ajudar a causa.

Vi André Forastieri falar muita besteira sobre imprensa e mídias digitais numa discussão sobre confiabilidade em redes sociais. Assisti também a dois debates políticos, um de Marina Silva, que eu continuo considerando uma pessoa incoerente com sua história embora a admire bastante, e outra dos coordenadores de mídias sociais das campanhas dos três principais candidatos à presidência ano passado. Uma delas, Soninha Francine, não se saiu muito bem ao meu ver, principalmente quando disse que o SBT inventou o episódio da bolinha de papel do Serra e a manada foi atrás. Falaram sobre liberdade de imprensa e contra a censura prévia imposta ao Estadão durante o caso Sarney, algo com que eu concordo.

Paulo Bernardo, Ministro das Comunicações, falou sobre as perspectivas da universalização da internet no Brasil com ideias que me pareceram deveras interessantes, embora eu não saiba se vão sair do papel.

Em torno disso tudo, milhares de pós-adolescentes acampados vendo e ouvindo tudo atentamente, analisando, participando, perguntando e, com certeza, pensando como carreiras estão ligadas ao futuro do país.

Quem tiver oportunidade de visitar a Campus Party ano que vem, deve aproveitá-la. Não sei se em algum outro lugar fervilham tantas ideias ao mesmo tempo.

Atualização em 21/1: Foram distribuídas máscaras com o rosto de Julian Assange em protesto contra a perseguição ao fundador do WikiLeaks.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Liberdade de imprensa: uma proposta cínica

Quem aqui ouviu falar sobre Maria Rita Kehl? Uma respeitada psicanalista, ex-colunista do Estado de São Paulo que resolveu escrever o que pensa. Seu artigo pode ser sintetizado por uma frase acerca dos emails veiculados pelas ditas elites na internet: "O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos". Resultado? A jornalista foi demitida do jornal, o mesmo jornal que considera que a liberdade de imprensa está ameaçada.

Num episódio oposto, o senador tucano eleito por São Paulo recusou-se a dar entrevista para veículos de comunicação que divergiam de sua opinião política por serem ligados ao PT.


Muito já foi dito e demonstrado sobre a imprensa brasileira. Sabemos que poucas famílias dominam a comunicação no Brasil (quatro segundo a revista CartaCapital e nove ou dez segundo Lula) e que sua orientação política sempre foi ligada à direita, com todas as metamorfoses que a direita sofreu (para entender o que isso significa, vale ler Anthony Giddens – Para além da direita e da esquerda – e Norberto Bobbio – Direita e esquerda). Então, que liberdade é essa que mostra apenas um dos lados, que não permite um equilíbrio entre ideologias, que dá voz para apenas quatro (ou nove ou dez) famílias brasileiras e demite quem ousa falar expor outras ideias?

Sou a favor da liberdade de imprensa – antes que se diga o contrário – ampla e irrestrita. Em vez dos jornalistas seguirem a opinião e a doutrina de seus editores, a eles deve ser permitido falar sob seu próprio ponto de vista sem que seus empregos estejam em risco. Defendo que, para se demitir um jornalista, seja necessário abrir uma sindicância com membros internos e externos ao veículo para se ter certeza de que essa demissão não teve motivação política ou, como disse Maria Rita Kehl, originado-se a partir de um "delito de opinião".

Assim todos os pontos de vista serão expostos para todas as pessoas por todos os meios. Assim os jornalistas poderão gozar dessa liberdade de imprensa da qual somente os donos dos veículos gozam. Faz sentido?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

1989

Lula tem aparelho de som. Collor não. Lula odeia negros e quis abortar sua filha. Collor massacrou Lula no último debate de candidatos à Presidência da República. Dilma mata criancinhas. Dilma é terrorista. Dilma é a favor do aborto.

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Ingênuo fui eu por achar que o Brasil havia superado os métodos sujos que a grande imprensa, o grupo apelidado por GAFE (Globo, Abril, Folha e Estado), perceberia que não há mais clima para esse tipo de difamação na democracia que o Brasil conquistou nos últimos vinte anos.

Hoje li um artigo do Mainardi dizendo que Dilma transformará o Brasil numa loja falida de artigos de R$1,99. O Globo, semana passada, mais uma vez, usou dois pesos e duas medidas sobre o casamento homossexual. Quando foi Dilma a declarar, o jornal publicou que ela era contra o casamento gay, mas a favor da união civil de pessoas do mesmo sexo, "que ela diz ser diferente". Quando Serra disse a mesma coisa, o Globo simplesmente explicou a diferença.

A central de boatos, desmentidos com provas, circula na internet. Quem as divulga são os eleitores de Serra – esses, muitas vezes, sem saber que se tratam de mentiras. Esses boatos são gerados por uma direita fascista, velha conhecida do nosso país, que apoiou o golpe militar em todas as suas fases.

E o que dizer do fiasco da bola de papel? Se a atitude dos mata-mosquitos demitidos por Serra quando era ministro foi errada ao tentar agredir o candidato, não há nem questão, é evidente. Mas fazer uma tomografia por causa de uma bola de papel após um telefonema? E a Globo tentando mostrar um rolo de fita adesiva invisível durante sete minutos, com o depoimento de um perito, no mínimo, suspeito? No mesmo dia, usou 18 segundos para falar do recorde de baixa do desemprego no país.

E vem a imprensa, dizer que teme por sua liberdade. A mesma liberdade que elegeu Collor baseada em factóides e que tenta retirar alguns pontos de Dilma na mesma moeda. Sorte que hoje existe a internet e já não é tão fácil inventar histórias. Essa é a verdadeira liberdade de imprensa.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A imprensa oscila para baixo

Uma coisa que eu reparo em todas as épocas de eleições é que os jornalistas não sabem o significado da palavra oscilar. Oscilar é realizar o movimento de pêndulo, ou sofrer variações em sentidos opostos.

Em todas as pesquisas, quando um candidato sobe ou desce, decreta-se: oscilou para cima; oscilou para baixo... a intenção de voto não oscila para cima ou para baixo. Quando ela oscila, move-se em ambos os sentidos com maior ou menor intensidade.

Vamos simplificar as coisas? Ganhou pontos: subiu. Perdeu pontos: desceu. Não é melhor assim?

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sobre o jornalismo em São Paulo

Este artigo foi publicado pela revista Comunicação & Política, volume 27, número 2, de maio-agosto de 2009. Nele, proponho um novo método de mensuração do viés dos jornais impressos levando em conta a tendência da reportagem, seu tamanho e o valor do espaço publicitário do jornal.

Medindo o viés da imprensa paulistana, chego a algumas conclusões interessantes. Clique na imagem para ter acesso ao artigo em pdf.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Isso é uma vergonha

Quem são e o que pensam os respeitados jornalistas brasileiros? A imprensa goza da confiança de mais de 50% da população brasileira, ou seja, para metade da população brasileira, se está publicado, deve ser verdade.

Durante as comemorações de virada de ano, o jornalista Boris Casoy soltou a seguinte frase no jornal da Band, após ser cumprimentado por dois garis: "Que merda... dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala do trabalho...". Foi traído por sua imprevidência, pois seu microfone estava ligado.

Sinceramente, não sei como se passa em São Paulo, mas no Rio de Janeiro, a Comlurb é um órgão respeitado e os garis não costumam ser somente competentes, mas trabalham sorridentes e bem-humorados e, de certa forma, são correspondidos pela população. Seu salário chega próximo aos mil reais, acima da mais baixa escala – não de trabalho, mas de remuneração –, que é o salário mínimo.

Esse episódio mostrou uma face de Casoy que não é exatamente escondida em seus discursos, um homem amargo e que tem como hábito ser do contra e distorcer fatos, e sua arrogância, visível em seu trabalho, transparece agora em sua vida pessoal. Do alto de sua tribuna, o jornalista mostra o que acha do trabalhador mais simples: um merda.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A imprensa do Rio

O Rio de Janeiro vai de mal a pior em questão de imprensa. Antes, havia dois grandes jornais com linhas editoriais distintas, O Globo e o Jornal do Brasil. Ainda que ambos tivessem um viés mais direitista, o primeiro era mais dirigido à classe média e o segundo, mais elitista. Para as classes mais baixas, existia O Dia, que foi melhorando de qualidade até o golpe do lançamento do Extra, pela empresa do Roberto Marinho, que era vendido a um preço ridiculamente baixo (R$0,25, se não me engano).

Hoje, não há mais JB. Há, mas não há. Inclusive há boatos de que a edição impressa deixará de circular e o jornal vai ser publicado exclusivamente online. O nível do Dia teve de descer ao do Extra para fazer frente junto ao seu público. Sobrou apenas O Globo.

O que me incomoda no jornal não é somente a linha editorial baseada no denuncismo e na busca pela desordem institucional. É o sensacionalismo, que ultimamente vem se colocando no nível dos programas mais vulgares como o de José Luiz Datena e Wagner Montes. A imagem abaixo é um excerto da edição online de hoje de manhã. Se espremer, sai sangue.


quarta-feira, 10 de junho de 2009

A imprensa e o gigante

O jornalismo brasileiro, fato, nada tem de imparcial ou objetivo. Não faltam provas em relação a isso, seja no meio acadêmico, seja na própria imprensa. Basta ler o Observatório da Imprensa, do Alberto Dines, ou reportagens de Mino Carta para constatar que mesmo os jornalistas têm essa noção.

Diante disso, a ordem do dia era bater na Petrobras. Aproveitando o clima da CPI, era possível enfraquecer o governo atacando um de seus pilares, a maior fonte de capital do país. Como de costume, os jornalistas enviavam perguntas à assessoria de imprensa da empresa e, com as respostas, preparavam suas matérias como se fossem furos de reportagem. Frases eram tiradas de contexto, dados eram publicados de forma incompleta para dar a sensação de incompetência e inoperância da empresa.

A máscara caiu: a petrolífera resolveu criar seu blog, chamado Petrobras - Fatos e Dados, através do qual publica todas as perguntas e respostas feitas por jornalistas para mostrar ao público a fonte crua das informações da imprensa. Resultado: uma grande discrepância entre as respostas e as reportagens.

A grita da imprensa foi geral, dizendo que a atitude feria o princípio da confidencialidade. O argumento fere a inteligência até dos mais limitados, pois a todos os dados divulgados são públicos e as perguntas, uma vez feitas, não pertencem a ninguém.

Blog da Petrobras - Fatos e Dados
Essa é uma atitude sagaz da Petrobras, que desarmou a imprensa simplesmente dando o outro lado das matérias, provando mais uma vez sua falta de imparcialidade. Mas não há guerra declarada, apenas uma grande empresa que tem seus meios para se defender.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Entre o verossímil e a verdade

Minha reação ao ler a respeito da brasileira Paula Oliveira, agredida por neonazistas na Suíça que levaram ao aborto de gêmeas que esperava, foi a mesma de todos os brasileiros: indignação e orgulho ferido. O fato era perfeitamente plausível – e até esperado – numa época em que a xenofobia está em alta devido à crise econômica global.

Mas em pouco tempo começaram as contradições. A investigação forense indicou que a brasileira não estava grávida. Será? Não há por que a Suíça esconder-se por trás de divulgações de falsos boletins médicos e resultados de investigações. Dizem que ela se agrediu com um estilete porque tem personalidade limítrofe.

O fato é que até o Presidente Lula exigiu uma investigação detalhada e parece não aceitar o aparente descaso com que a polícia está tratando o caso, que chegou a se tornar um pequeno incidente diplomático com potencial para ir parar na ONU. Agora a Suíça exige um pedido de retratação.

É verdade que a imprensa se precipitou: repetiu a versão da brasileira como se fosse um fato. Por esse motivo, foi alvo de críticas da imprensa suíça, que a qualificou como sensacionalista. Mas, dada a conjunção dos fatores, o trauma do caso Jean Charles, os estudantes do Iuperj expulsos da Espanha entre outros abusos, será que podemos realmente culpar a mídia pela precipitação?

Eu digo que sim. Aquele que quer informar jamais pode publicar um fato sem uma prévia apuração. A imprensa brasileira emite opinião travestida de fato puro. Um outro quarto poder, como diz Afonso de Albuquerque, que assume o lugar de porta-voz da verdade. E ai daqueles que discordarem.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Choque de sensacionalismo

O jornal O Globo devia estar mesmo desesperado porque o ex-prefeito Cesar Maia não anunciava em suas páginas. O antigo prefeito economizou um bom dinheiro deixando de investir em publicidade, mas também criou adversários fortes. Some-se isso a sua pouca popularidade e ele virou um prato cheio para os jornais.

Juntando o útil ao agradável, O Globo inventou um "choque de ordem", supostamente sendo realizado pelo novo prefeito, Eduardo Paes. Até agora, o que eu vejo é algo que já existiu, mas nunca surtiu o efeito esperado, como a Guarda Municipal, correndo atrás dos camelôs, que já têm sua barraquinha compactável montada para uma fuga emergencial quando o rapa chega.

Agora, quem sabe, começarão a surgir as propagandas da Prefeitura do Rio no jornal. Por enquanto, não senti nenhuma diferença nesse tal "choque". Os mendigos continuam ocupando as praças em Copacabana, os carros continuam sobre a calçada e os camelôs só correm quando a guarda passa, mas logo voltam a seu lugar, assim como os mendigos retirados.

As imagens abaixo foram tiradas por mim numa breve camihada em Copacabana agora há pouco.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ninguém é a favor do aborto

Não compreendam mal o título deste texto. É que eu acabo de ler uma matéria no Globo online contendo a seguinte frase sobre um filme patrocinado pela Fioruz: "Documentário é claramente a favor do aborto".

A imprensa faz isso com frequência: distorcer as informações que têm relação com o tema aborto. Vejamos no caso da Jandira Feghalli, uma conhecida ativista, por exemplo. Na reportagem do jornal O Globo do dia 18 de setembro, vemos a seguinte frase: "A candidata também negou que tenha defendido o aborto".

Para começar, essa é uma prática comum na imprensa: negar para afirmar. Para difamar um político, é só publicar: "Fulano nega ter desviado dinheiro". Sua imagem é destruída sem contar nenhuma mentira, bastando perguntar-lhe se ele desviou dinheiro. Em segundo lugar, eu ainda não conheci uma pessoa que fosse a favor do aborto.

A prática é violenta e traumatizante. Mas possivelmente é menos traumatizante do que abandonar um filho num orfanato ou, como acontece muito por aí, no lixo. É importante educar a população e fornecer métodos contraceptivos para evitar a gravidez indesejada, mas ela nunca vai deixar de acontecer por completo.

Dados do Instituto Alan Gutmacher informam que um milhão de abortos são realizados ilegalmente por ano no Brasil com centenas de mortes relacionadas a abortos feitos sem as condições necessárias. Portanto, é absolutamente necessário descriminar o aborto e é isso que os ativistas defendem, e não a prática do aborto em si. É uma questão de humanidade e de saúde pública.

domingo, 9 de novembro de 2008

Publicação automática?

Pressão nas redações, tendência política dos jornais ou pura incompetência? Não é todo dia que encontramos manchetes tão contraditórias nos jornais. A primeira página do Extra do dia 8 de novembro diz que "Reprovação volta, mas secretária não diz como melhorar o ensino". No Dia, "Aprovação automática vai continuar, mas com reforço". Ou seja, as duas informações dadas em cada um dos títulos são absolutamente antagônicas! Ou bem a reprovação volta, ou a aprovação automática vai continuar. Ao mesmo tempo, se a secretária não diz como melhorar o ensino, o que significa "com reforço"? Não é justamente melhorar o ensino?

Os jornais funcionam numa rotina tão pesada que recorrem a algo chamado "enquadramentos sistemáticos", um padrão de seleção e organização das notícias que torna o fechamento das edições e a publicação de matérias mais eficientes, porém, menos ponderados. Pelo visto, a "publicação automática" será mantida nas redações. Sobre os enquadramentos, Todd Gitlin tem uma explicação detalhada, mas quem quiser algo mais resumido pode ler o capítulo 2.2 da minha dissertação de mestrado.

Parece-me que ambos os jornais estão errados, pelo menos em parte. A reprovação volta, pelo menos em tese, já que o conceito "Insuficiente" passa a existir novamente no boletim dos alunos. Ao mesmo tempo a secretária Cláudia Costin anunciou reciclagem anual dos professores nos moldes da educação japonesa. Aliás, é uma piada comparar a educação municipal carioca com qualquer educação no Japão.

Tudo muito bonito no papel, mas gostaria de saber com que dinheiro o prefeito eleito vai contratar professores, ministrar cursos de reforço, construir as UPAs e contratar todos os médicos necessários. Quantas promessas ele vai quebrar ainda?

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Poder relativo

Nelson Jobim quer mudar a Lei de Imprensa. Pudera! A imprensa brasileira age de forma tão irresponsável que é capaz de comprometer a estabilidade do sistema político apenas para vender mais jornais. E não é apenas isso: como no caso de Tim Lopes e dos repórteres de O Dia que foram torturados, jornalistas são capazes de expor suas vidas a um risco extremo por apenas mais uma notícia sensacionalista.

Os jornais brasileiros publicam antes de conferir a veracidade das informações e sem nenhuma reflexão acerca das conseqüências de seus atos, como se tivessem um direito transcendente de dizer o que bem entendem. E acabam destruindo a vida de pessoas como os donos da Escola Base, em São Paulo, acusados por mães paranóicas, julgados e condenados pela Globo. Esse sensacionalismo, além de desinformativo, é extremamente nocivo e perigoso.

O foco agora são os grampos. Alguém da Polícia Federal vaza informações para a imprensa, que as publica, comprometendo operações sigilosas. O Ministro da Justiça quer flexibilizar a lei para obrigar os jornalistas a divulgarem suas fontes. Será que isso é mesmo necessário?

Não basta acusar os jornalistas que o fazem de intervirem no curso de uma investigação federal? Afinal, divulgação de informações classificadas é um crime. Não é?