Minha reação ao ler a respeito da brasileira Paula Oliveira, agredida por neonazistas na Suíça que levaram ao aborto de gêmeas que esperava, foi a mesma de todos os brasileiros: indignação e orgulho ferido. O fato era perfeitamente plausível – e até esperado – numa época em que a xenofobia está em alta devido à crise econômica global.
Mas em pouco tempo começaram as contradições. A investigação forense indicou que a brasileira não estava grávida. Será? Não há por que a Suíça esconder-se por trás de divulgações de falsos boletins médicos e resultados de investigações. Dizem que ela se agrediu com um estilete porque tem personalidade limítrofe.
O fato é que até o Presidente Lula exigiu uma investigação detalhada e parece não aceitar o aparente descaso com que a polícia está tratando o caso, que chegou a se tornar um pequeno incidente diplomático com potencial para ir parar na ONU. Agora a Suíça exige um pedido de retratação.
É verdade que a imprensa se precipitou: repetiu a versão da brasileira como se fosse um fato. Por esse motivo, foi alvo de críticas da imprensa suíça, que a qualificou como sensacionalista. Mas, dada a conjunção dos fatores, o trauma do caso Jean Charles, os estudantes do Iuperj expulsos da Espanha entre outros abusos, será que podemos realmente culpar a mídia pela precipitação?
Eu digo que sim. Aquele que quer informar jamais pode publicar um fato sem uma prévia apuração. A imprensa brasileira emite opinião travestida de fato puro. Um outro quarto poder, como diz Afonso de Albuquerque, que assume o lugar de porta-voz da verdade. E ai daqueles que discordarem.
Musical para dar o Tom
Há 18 horas
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