domingo, 16 de outubro de 2011

A tragédia no restaurante Filé Carioca

Na última quinta-feira, dia 13 de outubro, uma explosão destruiu o restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes. Eu costumava frequentá-lo esporadicamente e tinha dado uma avaliação muito positiva do restaurante no meu guia "Comer no Centro". Foi o único restaurante cujo dono se manifestou respondendo a minha avaliação e efetivamente promovendo mudanças a fim de aumentar a qualidade do estabelecimento.

Por esse motivo, gravamos no interior do Filé Carioca no dia 6 de outubro, exatamente uma semana antes da tragédia, um programa para circular na televisão interna do meu trabalho sobre o guia. Conheci o dono, o Rogério, que me explicou as mudanças que foram feitas, principalmente no sistema de exaustão, pois a umidade deixava o subsolo com cheiro de mofo.

Essa informação estava como comentário do dono no meu guia, já que em minha avaliação eu chamava a atenção para o odor incômodo. Com o problema resolvido, retirei este trecho, mas não o comentário que informava da resolução do problema. Eis que, após a tragédia, um debate surgiu na área de comentários da avaliação e um jornalista com o péssimo hábito de não checar as informações escreveu uma matéria para a Veja online utilizando esses comentários como fonte. Resultado: confundiu o problema do cheiro de mofo do subsolo com um possível problema de exaustão da cozinha do restaurante, levando o leitor a uma falsa conclusão.

Não sabemos até que ponto Rogério, o dono do restaurante, teve responsabilidade sobre o ocorrido. O fato é que houve inspeções no local e o estabelecimento nunca foi interditado ou multado por estocar gás em bujões. É claro que, quando se fala em gás, é notória a necessidade de se manter o local aberto e arejado para caso de vazamento. Houve negligência? Talvez. Ignorância? Com certeza. Mas culpar abertamente Rogério, às vezes com adjetivos mais do que pejorativos, como fizeram nos comentários (alguns apagados por mim para poupar as pessoas ligadas ao evento), é, no mínimo, imprudente. Deixemos as autoridades fazerem seu papel e descobrirem exatamente o que aconteceu. Ouçamos o que o Rogério tem a dizer sobre isso tudo. Antes disso, somente podemos prestar solidariedade a ele e às vítimas desta tragédia.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Humor?

É relativamente recente, no Brasil, o sucesso do humor de stand up, derivado dos programas mais informais da televisão, como o Pânico na TV e o CQC. Nesses últimos anos, novos talentos surgiram, uns mais, outros menos inspirados, mas o formato conquistou seu espaço e se consagrou.

Nessa informalidade, alguns humoristas se esquecem de que não estão numa mesa de bar com os amigos, liberados para falar qualquer grosseria que lhes venha à cabeça. O que parece acontecer é que eles ficam tão populares e tão acostumados a desmoralizar pessoas públicas utilizando o humor – e contra o humor não há argumento possível – que desenvolvem uma arrogância que os faz pensar que podem falar qualquer coisa e se livrar disso. E mais: que todos têm a obrigação de achar graça de suas piadas e que quem não acha é babaca.

Depois de falar que mulher feia deveria dar graças a deus por ser estuprada, Rafinha Bastos afirmou que Wanessa Camargo "está bonitinha grávida" e que "comeria ela e o bebê". A grosseria na televisão brasileira parece ter ultrapassado a barreira do mau gosto e chegado a uma questão, talvez, de desrespeito à lei, com incitação ao estupro e de extremo desrespeito às mulheres em ambos os casos.

Suspensão foi pouco. Rafinha Bastos deveria ser demitido do canal e afastado da televisão brasileira por um bom tempo para repensar seus conceitos de humor e liberdade de expressão.