quinta-feira, 16 de abril de 2009

O fim do ensino médio em Minas

Os adolescentes entram cada vez mais jovens na universidade e, muitas vezes, mal têm a capacidade de decidir o que querem fazer. Alguns, desde criança, têm um sonho e, desse sonho, advém uma determinação e uma certeza da carreira que querem na vida. Outros precisam provar um pouco de cada coisa antes de decidir que área querem seguir. O ensino médio é o momento ideal para se saber, pelo menos, se sua afinidade é com ciências humanas, biológicas ou exatas.

O governo de Minas Gerais decidiu que um adolescente de 17 anos é muito velho para decidir o que quer. Agora, essa decisão deverá ser tomada aos 15! Ao ser aprovado no primeiro ano do ensino médio, o aluno deve escolher qual área seguir. Se escolher humanas, não terá aula de biologia, química ou física. Se escolher exatas, não terá história, geografia ou língua estrangeira.

Algo que aprendi ainda no ginásio (na época era esse o nome do segundo ciclo do ensino fundamental) é que um dos grandes perigos da modernidade – ou um de seus piores efeitos colaterais – era a alienação: o trabalhador ficava tão especializado que era incapaz de fazer outras coisas. Algo como Chaplin apertando parafusos.

Minas tenta deixar seus habitantes ignorantes. Tenta antecipar para a adolescência uma especialização que só é necessária na faculdade. Já hoje vemos com frequência engenheiros que não sabem escrever e jornalistas que mal fazem contas. Imagine o mundo que teremos se essa lei pegar em todo o país?

3 comentários:

  1. Isso é um Crime e vem acontecendo aqui desde o ano passado em Minas Gerais. Não ficou claro no artigo, mas quem teve esta iniciativa foi o Aécio Neves que depois desde ato perdeu o meu voto para sempre, pois atentar contra a educação é o único crime que eu não vou perdoar nunca. Agora procuro alguém para votar.

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  2. Fui professor secundário e universitário.Hoje especialista em desenvolvimento mental e psíquico.
    O governo de Minas está mal orientado.
    Deveria desenvolver bem os alunos do "ginásio", 5º à 8º séries com matemática, lingua portuguesa, como base e francês e ou ingles, história e geografia como cultura geral.
    Os do Colegial sim com Física, Química, Biologia e linguas.
    A questão é o nível dos professores para esse desempenho.
    Antigamente o salario de um bom professor era equiparado ao de um promotor de justiça e, havia seleção.
    Com a "democratização" e populismo no ensino, salários baixos, não pode haver seleção de valores.
    O ensino sempre foi destinado à uma elite intelectual sem distição de classe social. Não existe igualdade de nível de consciência em termos de nível de informação e de treinamento nos processos de lógica, racionalidade e entendimento de probabilidades.
    Alberto Dias

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  3. E a tentativa que conter os gastos públicos nas universidades, já que um aluno na universidade pública custa 11 vezes mais do que na particular. A especialização não decorre de uma revisão educacional, mas de contenção de despesas. Pois se um aluno começa a passar de curso em curso o estado paga duas ou três vezes mais por este direito. Não vejo mal em procurar que a "primeira" escolha seja antecipada, mas vejo perigo na pouca abrangência do 2 grau...Apoiaria a medida mas sem mudar a grade de matérias do ensino secundário. E quanto a pouca idade?...garotos não votam com 16?...não é questionada a maioridade penal para os 14?...boa parte dos jovens que não tem acesso às uni versidades não trabalham desde os 15 anos...office boys, etc...Não sei porque o temor de que jovens de 15 anos façam uma escolha. E considerando que 80% das universidades públicas é ocupada pelas classes média e alta hipoteticamente teriam condições de pensar sobre esta escolha.
    Antônio, Brasília-DF

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