quarta-feira, 30 de setembro de 2009

E o que o Brasil tem com isso?

O pepino é maior do que o Brasil previa. Montagem: Flávio S. ArmonyAté agora não entendi qual foi a estratégia do Brasil ao receber o ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya em sua embaixada no país. Esse não é o tipo de conflito em que nosso país costuma se meter, ainda mais quando parece não entender exatamente o que está se passando.

Zelaya foi eleito democraticamente para o cargo, mas excedeu sua autoridade quando convocou um plebiscito para a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Seu objetivo era reformar a Constituição do país de forma a permitir sua reeleição. Entretanto, o artigo 239, cláusula pétrea da Constituição hondurenha, proíbe a reeleição presidencial e prevê que aquele que tentar alterá-lo deve ser destituído imediatamente do cargo e perder a qualidade de cidadão, assim como os que o apoiarem.

A Corte Suprema do país ordenou a destituição de seu presidente e deixou a cargo das Forças Armadas a execução da ordem. O problema é que os exércitos latino-americanos são dados a truculências e, em vez de dar voz de prisão ou deixá-lo em prisão domiciliar, preferiu encapuzar e largar o ex-presidente na Costa Rica.

Agora Zelaya está de volta ao país e, por causa da diplomacia brasileira – normalmente tão eficiente –, surge uma nova crise: o que fazer com ele? Não dá para enviá-lo novamente para a Costa Rica. Soltá-lo em território hondurenho é um risco muito grande a sua vida. Talvez a saída seja uma negociação para, quem sabe, deixá-lo em prisão domiciliar. Aí eu pergunto: não seria melhor viver exilado na Costa Rica?

2 comentários:

  1. Artigo muito lúcido, parabéns.

    Só um ponto: a diplomacia brasileira é historicamente eficiente, mas não tem sido assim nos últimos anos - creio que principalmente devido à intervenção direta da Presidência da República, que se orienta a concessões excessivas aos "hermanos" sulamericanos (vide problemas recentes com o Equador, Bolívia e Paraguai em que o Brasil saiu perdendo voluntariamente).

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  2. Eu digo que sinceramente ainda não entendi aonde se planeja chegar com essa atitude. Ou existe por trás disso algum projeto político que eu ainda não consegui compreender ou então apenas entramos em uma questão que vai nos trazer mais complicações do que benefícios...

    (e meu pai sempre me dizia que a segurança de um país é algo importante demais pra ser deixado nas mãos de militares...)

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