quarta-feira, 1 de junho de 2011

Metrô: o legado da privatização

A história era sempre a mesma: o serviço público não funciona, privatiza-se. Se funciona, baixa-se a qualidade e se privatiza assim que a população começa a demonstrar sua insatisfação. Como contrapartida, criaram-se agências reguladoras para deveriam fiscalizar o serviço, mas, em geral, elas cumprem mal o seu papel.

Instituições privadas visam somente ao lucro. Boa imagem, bons serviços prestados e satisfação dos funcionários são, quando existentes, um efeito secundário de uma administração bem executada. Quando a lucratividade é baixa, busca-se a otimização dos processos, que pode ser resumida em duas opções: aumento de preços ou redução de custos. A primeira opção prejudica o consumidor de maneira óbvia. A segunda frequentemente acarreta em perda de qualidade e insatisfação dos funcionários e clientes.

Com o metrô do Rio de Janeiro não foi diferente. Essa semana, a concessionária foi multada pela primeira vez em 13 anos de péssimos serviços e grandes distorções. Por exemplo, o trajeto planejado pela linha 2, que iria até a Carioca pela Estácio e teria conexão com a linha 3 até Niterói, foi substituído por uma aberração em que os trens da linha 2 trafegam pelos trilhos da linha 1 levando os passageiros até Botafogo. A linha 4 deveria levar os passageiros de Botafogo até a Barra da Tijuca passando pelo Humaitá, Jardim Botânico e Gávea, agora será uma extensão da linha 1 a partir de Ipanema, pois o projeto original elevaria a passagem a R$6,20, segundo o governador Sérgio Cabral Filho. O morador da Barra, em vez de seguir de forma mais rápida até o Centro (Gávea-Jardim Botânico-Humaitá-Botafogo – 33 minutos até a Carioca), terá de fazer todo o percurso por toda a extensão da orla da Zona Sul (Gávea-Leblon-2 x Ipanema-3 x Copacabana-Botafogo – 50 minutos até a Carioca) e concentrando o fluxo de passageiros num único trajeto. Ou seja, redesenharam os trajetos para atender às expectativas de lucro da concessionária.

Serviços essenciais como água, esgoto, luz, transporte, saúde e segurança não devem ter como objetivo o lucro, mas o bom atendimento à população. Deixá-los na mão da iniciativa privada é uma grave inversão de valores que, como sempre, acaba por prejudicar o cidadão comum.

3 comentários:

  1. O lucro é a forma mais eficiente conhecida de comunicar necessidade de uma sociedade. O acumulo de capitais por sua vez distorce as relações e esconde as necessidades e é aí que vive a dicotomia do capitalismo e a luta entre liberdade e intervenção.
    Ter como objetivo o lucro significa querer entregar aquilo que a sociedade está disposta a pagar e é um reflexo direto da necessidade.
    Dizer que o serviço público tem como objetivo o bom atendimento e o privado apenas o lucro é colocar uma visão própria simplificadora das relações sociais para justificar uma linha de argumento no outro assunto, o metrô.

    Pessoas físicas, donos e gestores de empresa são tão capazes de ter valores morais quanto os políticos, e do jeito que as coisas são no Brasil a comparação fica até injusta para o lado privado.
    Melhor não misturar as coisas.

    O Governador escolheu fazer a linha 4 (gávea ipanema) em vez da 7 (gávea, botafogo, laranjeiras, carioca) por um monte de motivos, que, até se prove o contrário, nada tem a ver com as concessionárias envolvidas (mais que uma)!
    Compare os custos das obras e o tempo de execução para ver o porquê da escolha. A copa está na esquina e chegando.
    Eu também preferia a linha 7, mas a escolha não foi só para aumentar o lucro da concessionária!

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  2. E em países sérios, como o Canadá, por exemplo, vc tem um transporte totalmente integrado, onde basta vc pagar uma só passagem e pegar seu ônibus e seu metro, sem estresse... não adianta colocar integração para o metro, se no fim das contas todo mundo pega a mesma linha, o mesmo trilho, o mesmmo trem e viaja como sardinha em lata...E em países sérios, como o Canadá, por exemplo, vc tem um transporte totalmente integrado, onde basta vc pagar uma só passagem e pegar seu ônibus e seu metro, sem estresse... não adianta colocar integração para o metro, se no fim das contas todo mundo pega a mesma linha, o mesmo trilho, o mesmmo trem e viaja como sardinha em lata...

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  3. È so você comparar a passagem do rio ( super via)
    com a de recife (cbtu) por exemplo

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