segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Motorista-trocador e a sorte no trânsito

É cada vez mais comum nos ônibus do Rio de Janeiro o motorista acumular a função de trocador. Essa prática é total em microônibus e começa a se expandir para os ônibus comuns. Que eu tenha percebido, principalmente nos veículos da empresa Braso-Lisboa, que opera as linhas 472, 473 e 474, existe um mini-curral na entrada em que os passageiros precisam esperar de pé que todos paguem, recebam o troco e passem a roleta, liberada pelo próprio motorista.

Com a pressão de horário que os motoristas recebem, somada a todo o barulho que o motor frontal dos ônibus gera, é pedir demais que eles se concentrem em mais essa tarefa sem negligenciar sua direção (para entender um pouco melhor sobre essa questão, sugiro o livro "Jornadas Urbanas" de Janice Caiafa).

Assim, acidentes são comuns, como o que matou três ciclistas na Zona Oeste do Rio no ano passado. Eu mesmo quase fui uma vítima quando voltava do Rio Comprido para a Zona Sul. Distraído com o meu troco, o motorista demorou a ver que o ônibus se deslocava em direção a um poste e deu uma bruta guinada para a pista, evitando, por pouco, a colisão. Tive sorte dessa vez, mas será que é com a sorte que devemos contar? As empresas de transporte deveriam ter mais responsabilidade e não fazer essa economia burra, que reduz gastos com salários, mas pode aumentá-los com indenizações e multas.

5 comentários:

  1. Isso ai palito.
    É uma verginha o que estão fazendo com esses pobres coitados, além de ter uma rotina de trabalho estressante, com barulho do motor, trânsito confuso, além de ganhar pouco ainda querem que eles acumulem duas funções, a do motorista e a do trocador! Assim não dá!A
    Abs
    Leandro Paradiso

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  2. O maior problema, ao meu ver, é com o trânsito. Os ônibus não podem simplesmente pegar os passageiros e ir andando enquanto se paga a passagem. Em vez disso, o coletivo fica parado aguardando todos subirem e pagarem. Os demais carros que esperem... E o trânsito só aumenta...

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  3. Está muito bom o Blog, venho acompanhando sempre e os dados são sempre esclarecedores.

    Legal ler este tópico sobre o motorista- trocador. Vivo atualmente em Buenos Aires e sempre me chamou a atenção o fato dos ônibus aqui não utilizarem trocadores.
    O motorista pergunta a rua para onde vai o passageiro quando entra pela frente e ao escutar a resposta ele aperta um botão marcando em uma máquina que aceita moedas o valor a ser depositado. A máquina emite um ticket após o pagamento.
    Geralmente funciona bem, as pessoas vão entrando e colocando as moedas e geralmente tudo vai rápido.
    Sempre imaginei como seria isso no Rio com o famoso "Ô motô deixa passar por baixo da roleta?"

    Claro que há outros fatores, o sistema de metrô é bem eficiente, o que faz o sitema de ônibus não sobrecarregar e ao mesmo tempo me faz pensar que o mais importante são diferentes alternativas para o trânsito que está cada vez mais caótico, não é mesmo?

    Um abraço a todos.

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  4. Além de uma economia burra, é de um egoísmo irritante.

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  5. Muito bem obervado, Flavinho. Toda vez que pego um ônibus com o motorista acumulando a função de trocador, fico pensando nisso... Como ele vai aguentar mais essa atividade?

    Estou acompanhando o seu blog, viu?!! E curtindo bastante... um beijo!

    Moniquinha

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