sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Um novo Bretton Woods

Sarkozy é quem está propondo agora, mas a idéia não é nova. A cada crise que surge, fala-se em reformar o sistema criado pelo acordo de Bretton Woods após a Segunda Grande Guerra. O dólar foi escolhido como moeda-base para a economia mundial, o que, à época, fazia total sentido, visto que os Estados Unidos eram o país desenvolvido menos atingido pela catástrofe generalizada causada pela guerra.



Sessenta anos depois, a dívida interna estadunidense chega à casa dos 10 trilhões de dólares (para maior impacto gráfico: US$ 10.000.000.000.000 ou 1013) e a grande vantagem que sobra ao país é o fato de ser o fabricante do dinheiro usado para lastrear as demais moedas. Seu consumo ultrapassa de longe sua produção, o que torna o país um ralo para os recursos do planeta, inclusive os energéticos, tão escassos ultimamente.

O presidente francês está certo e o ministro da economia italiano, Giulio Tremonti, faz coro. O mundo tem, hoje, moedas mais fortes que o dólar, mas que não podem exercer esse papel devido ao acordo firmado em 1944. Por que não utilizar uma cesta de moedas, como o Euro, a Libra, o Dólar e o Iene? Por que não utilizar, com menor peso, moedas de países em desenvolvimento com economia estável, como os BRICs?

O mundo precisa se reorganizar economicamente e essa crise é uma grande oportunidade. Podemos de fato tirar algo positivo disso tudo. Uma economia mundial lastreada não seria nada mal, além de, é claro, um mercado financeiro com regras mais rígidas, talvez algo que direcionasse o capital para uma economia produtiva.

Um comentário:

  1. Não vou comentar sobre o início do artigo porque não sou economista, só me prendi no final do artigo: [...] um mercado financeiro com regras mais rígidas [...], parece ser o clamor da maioria, inclusive de alguns governantes que observam a necessidade de fortalecer a presença do estado na economia, mais fiscalização...
    E assim elegem um "inimigo", no caso as práticas liberais e a crise, para que se possa legitimar este fortalecimento estatal. Mas devemos lembrar que o estado não parece tão mínimo assim, não socorreram os bancos? Onde está a auto-regulação do mercado?
    Adam Smith parece ter sido esquecido em relação as suas regras de sentimentos morais; o que se viu foram as paixões destrutivas hobbesianas no cenário smithiano, com simpatias corrompidas pelas ambições; A "mão invisível" acabou guiada para retirar tudo o que puder do bolso dos contribuintes.

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