Sou uma das poucas pessoas que está lamentando o fim do trema na reforma ortográfica que entra em vigor no dia 1 de janeiro. Aliás, não somente a queda do trema, mas diversas alterações nas regras de acentuação, hifenização e da própria ortografia em si.
A língua portuguesa é, até certo ponto, fonética. O trema existe para se indicar a pronúncia do u depois do q ou do g; verbos na terceira pessoa do plural no presente do indicativo também vão perder acentos que ajudam na pronúncia, como lêem ou vêem. Isso sem falar nos acentos diferenciais como em pára e pêlo, que também se vão.
Para mim, o grande problema é que não é fácil enxergar uma lógica nas novas regras. Por exemplo, algumas palavras vão perder o hífen e outras vão ganhar, mas as poucas que ficam como estão as exceções dessas regras: arquiinimigo vira arqui-inimigo, manda-chuva vira mandachuva, mas guarda-chuva permanece como está. Por quê? Não compreendi.
E se nós, brasileiros, estamos incomodados com nos tornarmos analfabetos da noite para o dia, imaginem como estão os portugueses. Enquanto a reforma mexe com 0,5% das palavras no Brasil, 1,6% dos vocábulos dos demais países lusófonos será alterado. Nós teremos que reaprender a escrever cerca de 550 palavras e eles, cerca de 1.760.
Agora pergunto: quem está feliz com isso? Por aqui, vou tentar me adequar às novas regras, mas peço perdão antecipado por possíveis deslizes. Afinal, realfabetizar-se leva algum tempo.
Musical para dar o Tom
Há 16 horas
Excelente, Palito.
ResponderExcluirSeus comentários são exatamente o que penso sobre os assuntos abordados.
Parabéns pelo blog, sempre leio e é muito inteligente.
Quanto a reforma ortográfica, FODA-SE, pra quê essas frescuras? Vou continuar escrevendo como aprendi na escola.
Nu fututu axu q vamus ter q ixcreve asim!!
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ResponderExcluirNossa, esse amigo aí de cima escreve eim...
ResponderExcluirEu acho uma pena que não tenha havido nenhum tipo de consulta popular sobre essas mundanças. Afinal, a língua, falada ou escrita, emana do povo, e não dos estudiosos. Aí, as mudanças caem como um pacote em cima de todos nós, e somos obrigados a cumprí-las...
Mas a intenção de unificação da língua, é boa. Espero que esse "pacote" traga mais benefícios que desvantagens.
Abração amigo. Te admiro. Feliz 2009 !!
Eu acho que a mudança será benéfica. É tudo uma questão de ajuste e reajuste.
ResponderExcluirEm tempos globalizados, unificar a língua portuguesa - ao menos na forma de escrevê-la - só trará benefícios.
Sim, estou otimista. E nós, brasiléiros, estamos saindo em vantagem perante outros países de língua portuguesa.
Imagine como não seria legal se comunicar com Angola, Portugal, Moçambique, entre outros, sem precisar se preocupar com a gramática? Você saber que está tudo alinhado?
Não encaro com uma perda, e sim como a arrumação de uma grande casa.
E olha que me considero uma pessoa conservadora e você, mas do que muitos, sabe disso. Só que, comigo não tem esse negócio de "A Nossa Língua Portuguesa".
Como assim nossa, bichou? Nossa língua deveria ser Tupi Guarani.
Somos um país jovem, que assim como muitas outras nações, fomos conquistados e doutrinados a falar a língua do país dominante. Normal.
E apesar de tanta barbarie, criou-se uma cultura linda aqui, que faz inveja, em muitos aspectos, ao mundo. E é isso o que diferencia. A identidade brasileira não está na língua e não é ela que preservará nossa riqueza cultural.
Regras gramaticais têm sua importância, sim, mas mais importante ainda é a comunicação entre os povos, especialmente os de língua portuguesa. Não podemos esquecer que há quem aprendeu a escrever corretamente por questões de oportunidades que muitas pessoas no Brasil Tupi, não tiveram. E este corretamente pertence a uma minoria.
Quem deve falar mais alto? Seria a norma culta de uma elite minoritária ou a linguagem da maioria?
Finalizo essa questão gramatical com um texto que havia lido no Blog de um amigo meu:
"Quanu nóis chegamu, eu di a janta prus mininu. Antes, eu gradeci nosso Deusu, peru dia, pera cumida, por tudo di bô, mas tamém pêrus pobrema... afinal, u Sinhô premiti elis pra nóis cresce né... eu creditu assim...”
(Josefina Brasil e Silva).
Se o ato de fala é intrínseco ao homem que vive em sociedade, devemos considerar como gramática correta – se é que isto existe – a gramática que está internalizada em cada indivíduo, que exerce natural e espontaneamente a faculdade da fala atingindo com sucesso seu objetivo primordial de comunicação; e não aquela gramática externa, alheia ao homem, imposta por uma minoria coercitiva como padrão e única correta.
Esta, também conhecida como “norma culta”, deveria ser entendida como só mais um dos diversos registros e dialetos de nossa língua que, sim, deve ser bem aprendido e utilizado, mas não considerado “o correto”, consequentemente superior aos demais. Creio que o preconceito lingüístico tem sido a porta por onde os demais tipos de preconceito têm entrado em nossa sociedade...
E, de mais a mais, errado mesmo, é aquele que fala correto, mas não vive o que diz!
Abraços! "
29 de Dezembro de 2008 13:19
que se exploda essa mudança.... ninguem escreve 100% certo mesmo! O que importa é passar a mensagem corretamente e não estar "politicamente correto" 100% das vezes.
ResponderExcluirPortanto, ressaltando Pepeca: FODA-SE a mudança.
Ter que rever o que estamos acostumados desde a infância pode trazer desconforto e irritação, ainda mais em relação para a linguagem escrita; é um tipo de transição polêmica. Por outro lado será que trará prejuízo para as gerações futuras ?
ResponderExcluirQuanto a lógica questionada eu não faço a menor idéia e ficaria curioso também.
Talvez seja possível a igualdade através da ortografia, porque pela cidadania ainda teremos muitos hífens, tremas e principalmente parênteses...
essa reforma é tão, mas tão burra!
ResponderExcluirnem adianta a gente mandar o foda-se muito pois vai acabar tendo que escrever 'certo' em algum momento. mas do jeito que ela foi imposta fica meio como lavagem cerebral, meio mudança de regras só prá mostrar quem manda.
ignorar é uma saída. acho que a melhor até agora.